No último ano, enterrei minha mãe, meu pai e minha irmãzinha. Não, eu os queimei. Suas cinzas, misturadas em uma única urna, um peso morto em minhas mãos. Quase fui atropelado e, quando a urna quebrou no asfalto, vi. Juliana. Minha noiva, que deveria estar em coma, lutando pela vida. Ela estava sentada ao volante de um carro esportivo vermelho, impecável, me zombando e jogando dinheiro sobre as cinzas da minha família. Sua amiga riu alto: "Juju, um ano fingindo coma e até sua habilidade de dirigir piorou?" Outra voz debochou: "Você é cruel mesmo, testando a família Silva. Eles são tão bobos." Juliana, com um sorriso entediado, jogou um maço de notas na minha dor. "Quando a família inteira passar no teste, eu não vou decepcioná-los." Minha família estava morta por causa de um "teste", minhas lágrimas quentes escorriam pelo rosto. Então, Pedro Antunes, o ex-marido dela, se aproximou. Ele ofereceu ajuda e um cheque que queimava em minhas mãos. "A vingança é um prato caro, Miguel Silva. E pelo olhar em seus olhos, você está faminto." Descobri que a construtora da família dela estava ligada à morte do meu pai. O golpe. A traição. A verdade. Agora. era a hora dela pagar.