Acordei no hospital, depois de perder o meu bebé num acidente de carro. O silêncio do meu marido, Pedro, e o olhar gélido da minha sogra já me diziam que algo estava terrivelmente errado. "Finalmente acordaste?" disse ela, a voz cheia de desprezo. "Pensava que ias dormir para sempre. Que desperdício de dinheiro do hospital." O meu coração estilhaçou-se quando ela me acusou: "És uma assassina! Mataste o meu neto!" Pedro, em vez de me defender, protegeu a sua prima Clara, que conduzia o carro e que, aparentemente, era o seu verdadeiro amor. Ele agia como se ela fosse a vítima, não eu. Eu, que acabara de perder o meu filho e estava destroçada, fui deixada sozinha numa cama de hospital, a ser culpada por uma tragédia que não causei. Como puderam ser tão cruéis? Como pôde o meu marido escolher uma traidora e um cão em vez de mim e do nosso filho? Naquele momento de dor e revolta, tomei a única decisão possível: "Vamos divorciar-nos, Pedro." Eu ia lutar pela minha dignidade e descobrir a verdade por trás do acidente.