Eu estava grávida. Segurava o teste positivo, o coração a transbordar de alegria, pronta para partilhar a boa notícia com o meu marido, Pedro. Mas uma mensagem dele mudou tudo: 'Marta, a Ana teve um acidente. Estou no hospital. Não me esperes para jantar.' Ana, a ex-namorada dele. Liguei, e a voz de uma enfermeira confirmou o pesadelo: Ana precisava de sangue, e Pedro, com uma condição cardíaca grave que o impedia de doar, ofereceu o seu sem hesitar. Gritei: "Pedro, não podes! O médico disse que não!" Ele respondeu, a voz fria: "Isto não é sobre o meu pai. É sobre a Ana. Não temos futuro se a deixar morrer." Naquela noite, ele voltou, exausto, com uma ligadura no braço. Ele tinha doado. Quando lhe mostrei o teste, a sua reação não foi de alegria. Foi de choque, depois raiva, quando pedi o divórcio. Ele tentou consertar, mas as suas ações falavam mais alto. Ele arriscou a vida por ela, ignorou-me, e agora, queria lutar pela custódia do nosso filho. Como poderia ele ser o pai que o nosso filho merecia, se estava disposto a morrer por outra mulher? Mas eu não ia ceder. Aquele bebé na minha barriga merecia mais. Eu merecia mais. E, pela primeira vez na vida, estava pronta para lutar.