"Eu vou trancar a faculdade", Lucas jogou as palavras no ar como se fossem nada, enquanto eu arrumava meus livros para o vestibular, a um mês de distância. Ele, um gênio da engenharia na melhor universidade, meu namorado e meu futuro, acabava de me dar a notícia mais surreal da minha vida. E por quê? Para "ajudar" Sofia, a caloura deslumbrante que ele jurava ter "potencial incrível" e que, subitamente, consumia todo o seu tempo livre. Eu o amava, apoiei cada passo dele, mas vê-lo descartar anos de esforço por essa distração me sufocava, e ele ainda me chamava de "âncora" por não entender sua "grandeza". A dor se misturou com bile na garganta quando ele afirmou que um semestre não faria diferença para um "gênio" como ele, e então, com uma calma que me surpreendeu, eu disse "tudo bem" e saí daquele apartamento que já não era mais meu. Corri sem rumo, as lágrimas embaçando minha visão, até que um grito e o som de freios me jogaram no chão, um acidente que me apresentou a Pedro, um estranho gentil que, ao contrário de Lucas, parecia realmente se importar. Foi então que a notificação do Instagram chegou: "Projeto Futuro. Tudo por você, meu girassol. 🌻 @SofiaAlves". Meu girassol. E eu, que dei a ele meu jardim inteiro, era apenas uma âncora descartável. Eu não era nem um obstáculo, era uma piada. Mas uma nova chama se acendeu, não de raiva, mas de determinação: o jogo estava virando.