O cheiro do aeroporto me deixava ansioso, mas hoje era diferente. Finalmente, depois de dois longos anos, minha amada Ana voltaria para casa. Mas meu sorriso congelou no instante em que a vi empurrando um carrinho de bebê duplo. Dentro, dois bebês, em mantas azuis. \"São nossos filhos\", ela disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ignorando nosso acordo de \"dupla renda, sem filhos\" e as fortunas gastas em tratamentos de fertilidade. Levei-a para casa em torpor, e lá, a bomba explodiu: \"Eles não são biologicamente nossos. São filhos do Pedro. Você precisa largar seu emprego para cuidar deles.\" Pedro, o ex-namorado moribundo que Ana \"ajudou\" em sua \"viagem de negócios\". Minha mente girava, mas o estômago despencou quando uma notificação bancária surgiu: duzentos mil reais da nossa conta conjunta, transferidos para Pedro Almeida. A traição não era só emocional e física; era financeira. Ana, sem remorso, tentou me manipular: \"Ele precisava do dinheiro para o tratamento. Eu ia te contar.\" Mas eu sabia que não ia. Eu, o marido ingênuo, o caixa eletrônico. Naquele momento, mais do que a dor, um vazio gelado preencheu o espaço onde antes havia amor. Minha vida, como eu a conhecia, acabara.