Abri os olhos no hospital, com o cheiro forte de desinfetante. Ao meu lado, meu noivo Tiago mal notou que eu tinha acordado. Minha garganta seca, perguntei pelo nosso casamento. Ele suspirou, irritado: "Sofia, vamos adiar." Adiar? Eu tinha acabado de ser atropelada pela irmã dele. E ele ainda a defendia, dizendo que Laura não fez por mal, que estava preocupada com o cachorro. Foi então que peguei meu celular e vi a foto de Laura nas redes sociais. A imagem clara e cruel dela, sorrindo e celebrando em um restaurante chique, postada enquanto eu estava na sala de cirurgia. "Traumatizada?", perguntei a Tiago, mostrando a foto. Ele tentou se justificar, mas sua mentira se desfez diante dos meus olhos. Naquele momento, toda a frieza e a traição se revelaram. Eu não o amo mais, eu percebi. Com a perna quebrada e o coração em pedaços, olhei para Tiago. "Vamos cancelar o casamento", eu disse, com uma clareza assustadora. Ele me acusou de ser egoísta, saiu batendo a porta. Minha mãe chegou, e para meu choque, ela também tinha ajudado a família dele, deixando-me sozinha no hospital sob o pretexto de cuidar da velha avó. Ouve-se agora sua voz no telefone, gritando em alto e bom som, perguntando por que eu, uma "filha ingrata", estou arruinando sua vida por um "arranjo na perna". Essa família me abandonou, me envergonhou, me roubou. Agora, eles estão me processando, exigindo uma compensação por "danos emocionais" e pelos custos do casamento cancelado? Ninguém pode ser tão desprezível, certo? Mas eles não sabem que o meu pai, que me abandonou há anos, voltou. E com ele, uma sede de justiça que eles jamais esperariam. É hora de virar o jogo.