Saí da esquadra, o sol a queimar a pele, mas o frio percorria os meus ossos. O meu irmão Miguel tinha sido preso, com a polícia a dizer que enfrentaria mais de dez anos de prisão por atropelamento e fuga. A nossa família estava à beira do abismo. Liguei para o meu noivo, David, a última esperança de apoio. Mas a voz dele, irritada e distante, disse: "Estou ocupado. Acabei de acalmar a Eva, ela está em pânico por causa do Léo." A voz da sua irmã ecoou ao fundo, e David, que nunca tinha tempo para mim, estava a consolá-la. Senti um desprezo cortar-me como uma faca. Eu, a sua noiva, fui descartada sem cerimónias. A minha mãe estava aos pedaços, o meu irmão a caminho da prisão, e David só se preocupava com a família dele, chamando-me de "parasita" e ameaçando destruir-me por tentar proteger o meu irmão. As suas palavras gelaram a minha alma e ele bloqueou-me. Não era apenas o fim do meu noivado; era a aniquilação total da minha vida como a conhecia. Como podia ser tão cego? A vida da Eva difícil? A minha família estava a desmoronar-se e ele não derramava uma única lágrima. Quando a advogada da família da vítima, Helena, me contactou, a verdade sobre David e a sua empresa, a "InovaTech", começou a vir à tona. Ela sugeriu uma forma de salvar o meu irmão, mas exigia que eu fizesse algo que me revirava o estômago: trair o homem que, por um tempo, pensei amar. Terei a coragem de o fazer? Será que vale a pena espiar o meu ex-noivo para salvar a minha família?