Quando abri os olhos no hospital, após perder o nosso bebé Lucas num acidente, o meu corpo doía, mas a alma estava em pedaços. Ao meu lado, o meu marido Leo segurava o telemóvel, a sua voz cheia de uma ansiedade que não era por mim. Ele preocupava-se com o meu sobrinho, Tiago, que tinha apenas uma febre. Pouco depois, ele simplesmente virou as costas e saiu do quarto. Deixou-me ali, sozinha, desolada pela perda do nosso filho e abandonada por quem jurou estar ao meu lado. Dias mais tarde, em casa, vi a foto. A minha irmã Sofia e Leo, sorrindo no hospital, com a legenda: "Obrigada, cunhado, por estares sempre aqui para nós. O nosso herói!" Ele era o meu marido, mas estava a tirar selfies com a minha irmã enquanto eu recuperava do acidente que me tirou o nosso filho. A família dele desculpou-o, a minha mãe protegeu a Sofia, e todos me acusaram de ser "egoísta" e "dramática" por simplesmente chorar a minha perda. Será que a minha dor era menos importante do que uma febre de criança? Será que o amor de um marido por uma cunhada pode destruir tantos anos de casamento? Decidi cortar todas as pontes e recomeçar. Até que, meses depois, o destino se encarregou de lhes devolver a mesma dor, e o meu ex-marido surge, desfeito, para admitir o seu terrível erro. Eu tinha perdido tudo, mas este era apenas o começo da minha verdadeira história.