Na noite do meu casamento, sentei-me sozinha no nosso quarto de hotel, com o meu vestido de noiva branco a parecer um sudário. O meu marido, João, não apareceu. Horas depois, ele entrou, cheirando a hospital, e disparou: "A Sofia tentou suicidar-se. Tive de ir para o hospital." Não houve desculpas, apenas a fria constatação de que ele tinha passado a nossa noite de núpcias a confortar a ex-namorada. Quando confrontei, ele olhou-me com irritação: "Podes parar de ser tão egoísta? A vida de uma pessoa estava em risco. O nosso casamento é só uma formalidade." As suas palavras gelaram-me, e a sua família e amigos corroboraram, chamando-me "insensível" e "dramática" por não "entender" a nobreza do seu gesto. Até recebi uma mensagem da ex-namorada dele: "Fica longe do João. Ele é meu." Será que fui eu a errada por esperar lealdade no meu próprio casamento? Como é que alguém consegue virar a situação tão rapidamente, transformando a vítima em vilão? Eu sabia que tinha de fazer uma escolha: aceitar este desrespeito ou lutar pela minha sanidade e liberdade. Decidi quebrar o ciclo de toxicidade. "Eu quero o divórcio", disse eu, e o inferno começou. Mas desta vez, eu não me ia calar. Eu ia provar que não era a egoísta.