O nosso casamento estava marcado para amanhã em Lisboa. Amigos e família já estavam todos aqui. Eu estava no quarto do hotel, a sorrir para o meu vestido de noiva imaculado. De repente, o meu telemóvel vibrou. Era uma notificação de transferência de 50.000 euros. E uma mensagem do Leonardo, o meu noivo: "Sofia, o casamento está cancelado. Não voltes a contactar-me." O meu cérebro parou. Liguei-lhe, mas quem atendeu foi a minha irmã mais nova, Clara, a chorar. "Estamos no hospital," sussurrou ela. "O Leo está a tomar banho. Acho que sofri um aborto espontâneo." Um aborto? Do bebé dele? Quando o Leonardo finalmente veio ao telefone, a sua voz era fria e distante. "A Clara pode perder o bebé. Não tenho tempo para lidar contigo agora." A sua indiferença pesou-me no peito. "O bebé dela? Que bebé, Leonardo? De quem é o bebé?" O silêncio dele foi a resposta mais ensurdecedora. A minha doce e inocente irmã mais nova. Que sempre precisei de proteger. Estava grávida do meu noivo. Como pude ser tão cega? Porquê eu? Porquê a minha irmã? Porquê assim? A humilhação era insuportável. Mas a partir daquele momento, sabia que a minha vida nunca mais seria a mesma. Não seria a vítima. Seria a minha vez de jogar.