O meu filho, Lucas, morreu no seu quinto aniversário. O meu marido, Pedro, escolheu salvar a sua sobrinha, Sofia. Não o nosso filho. Naquele dia, perdi tudo. Tentei recomeçar, tive a Eva, a minha razão de viver. Mas a sombra do passado nunca desapareceu. No quinto aniversário da Eva, a campainha tocou. E lá estavam elas: a Sofia e a Inês, a irmã do Pedro. O Pedro mentiu-me. Trouxe-as para a nossa casa. O meu sangue gelou. A história não se repetiu quando a Sofia empurrou a Eva, deixando-lhe um galo na testa. A repetição aconteceu na reação deles. Acusei a Sofia, mas o Pedro e a Inês defenderam-na. «Ela é uma criança», disse ele. «A Sofia nunca faria tal coisa.» «Estás a exagerar, Clara. Sempre foste o problema.» O meu próprio marido e a minha sogra acusaram-me de estar louca, de projetar o meu trauma. Eu não estava louca, uma mãe sabe. A Eva, a minha pequena, olhou-me com os olhos cheios de lágrimas: «Mamã, porque é que o papá não acredita em mim?» Aquela pergunta quebrou-me. Ele tinha-me mentido novamente, atraindo-me para uma armadilha isolada, para "fazer melhor". Mas na verdade, eles queriam acabar comigo. Quase fui levada para um manicómio, como o avô de Pedro. Mas naquela noite, abraçando a minha filha, soube que a história não se repetiria. Peguei na Eva, fugi no escuro, sem olhar para trás. Ele não ia ter mais uma escolha. Agora, é só nós as duas.