Eu tinha acabado de ganhar o prémio de Arquiteto Revelação do Ano. Sentia-me no topo do mundo, ansiosa para partilhar o meu sucesso com o Pedro, o meu marido. Ele ficaria orgulhoso. Mas, ao chegar a casa, a porta entreaberta revelou a cena: Pedro e Clara, a sua vocalista, dançavam embebidos em champanhe. "Conseguimos! Uma editora a sério!" ele gritava, antes de a beijar. Não era um beijo de amigos. O troféu escorregou da minha mão. Com o baque, separaram-se. "Sofia. Já chegaste", acusou ele. Clara, presunçosa, perguntou se eu tinha "ganho um pisa-papéis novo". Ele tentou justificar, mas a verdade queimava nos seus olhos. No dia seguinte, descobri: cinco mil euros transferidos para a Clara. Do MEU dinheiro. Não era só traição. Era roubo. "Eu vi-te, Pedro." Eu entendia o trabalho, não a perfídia. Ele disse apenas "Eu preciso de ti", revelando a farsa. Eu era só uma patrocinadora descartável. Então veio o choque maior: meu irmão descobriu que a "editora" era uma fachada. Pertencia a Ricardo Vasconcelos, o magnata que acabara de vencer no prémio. Não era só uma traição, era uma vingança orquestrada. Ele não me trocou; vendeu-me. A tristeza deu lugar a uma raiva fria e implacável. Isto já não era um divórcio. Era uma guerra. E eu não ia perder. Ia lutar por mim.