- Tá, vamos - respondeu, levantando-se da cama e jogando a primeira roupa que encontrou.
Em poucos minutos, ela e Mateus estavam no carro, rindo e conversando sobre assuntos triviais enquanto o som da música tocava baixinho ao fundo. Mateus sempre foi o amigo animado, daqueles que não sabiam ficar parados por muito tempo. E era por isso que, muitas vezes, ela se deixava levar.
Quando chegaram à praia, o lugar estava lotado. O sol batia forte, o cheiro de sal no ar fazia Eduarda respirar profundamente, e as ondas quebravam com força, convidando os surfistas e banhistas a aproveitarem o dia.
- Vamos nadar? - perguntou Mateus, já pegando sua toalha e correndo em direção à água.
Eduarda sorriu e seguiu atrás dele, sabendo que se fosse sozinha, provavelmente ficaria apenas na areia. Mas a ideia de se divertir ao lado de seu amigo sempre a motivava.
Eles se jogaram nas ondas, riram e competiram sobre quem conseguia ficar mais tempo em pé na água. O calor do sol fazia tudo ficar mais leve e divertido, até que, em um momento de distração, Eduarda sentiu algo esbarrar em seu ombro. Ela foi desequilibrada pela força do impacto e, sem querer, caiu de costas na areia quente.
- Ai! - exclamou, sentindo a dor no quadril, mas logo se levantando.
- Desculpa, foi mal! - uma voz masculina e grave ecoou sobre ela.
Eduarda olhou para cima, e, pela primeira vez naquele dia, algo lhe tirou o foco do cenário em volta. Um homem, imensamente alto, com cabelo escuro, muscular e uma tatuagem visível no braço esquerdo, estendia a mão para ela. Seu sorriso era confiante, mas algo nele exalava uma aura de arrogância, como se se achasse dono do lugar. O contraste entre sua atitude descontraída e o olhar intenso fez o coração de Eduarda bater mais rápido.
- Tudo bem - ela disse, tentando disfarçar a surpresa com um sorriso tímido, aceitando a mão dele e se levantando. A pele dele estava quente ao toque e o perfume que exalava era algo entre amadeirado e fresco, um mix quase irresistível.
Ele a olhou de cima a baixo com interesse, e, embora seu sorriso fosse aberto, havia algo de enigmático em sua expressão.
- Eu realmente não vi você... - ele começou, ainda com aquele tom descontraído, mas com um leve toque de desdém na voz. Era como se a situação toda fosse algo a ser minimizado por ele, como se estivesse acostumado a ser o centro das atenções. - Tá tudo bem?
Eduarda, um pouco sem jeito e sentindo o calor subir à sua face, olhou para Mateus, que já estava na água e não percebera a situação.
- Sim, sim, tá tudo bem - ela disse, arrumando a areia da sua canga e tentando mudar de assunto. A última coisa que queria era ficar parada ali, trocando palavras com um desconhecido. Mas a presença dele a fazia sentir algo estranho, algo que ela não sabia identificar. - Acho que a culpa foi minha, nem vi por onde andava.
Ele riu baixo, um som suave, mas com algo sedutor no fundo. O tipo de risada que fazia qualquer um querer ouvir mais. Ele deu um passo à frente, chegando mais perto.
- Não me diga... - disse ele com um olhar provocador. - Você é uma dessas pessoas que prefere a areia a água?
Ela o encarou, surpresa com a pergunta. Nunca tinha ouvido alguém perguntar algo tão... específico. Mas ao mesmo tempo, havia algo no tom dele que a fazia querer dar uma resposta à altura.
- Às vezes, a areia é mais confortável - ela respondeu, sem pensar muito, com um sorriso mais seguro.
O homem sorriu também, e por um momento, ela percebeu a confiança que ele exalava. Ele parecia não se importar com o fato de estar sendo rude, como se fosse natural para ele se impor, mas de uma maneira quase cativante.
- Eu sou Gabriel - ele disse, estendendo a mão para ela.
Eduarda hesitou por um segundo, sem saber se deveria ou não apertar a mão dele. Mas sua curiosidade falou mais alto, e ela estendeu a sua, sentindo o toque firme e seguro dele.
- Eduarda - respondeu, sem saber se deveria dizer mais, mas o silêncio entre eles pairava.
Gabriel a observou por um momento, seus olhos dourados parecendo mais atentos ao seu rosto do que ao ambiente ao redor. Como se quisesse memorizar cada detalhe.
- Prazer, Eduarda - ele disse, sorrindo de maneira que parecia mais um desafio do que um cumprimento. - Mas me desculpe... não consigo deixar de pensar em uma coisa.
Ela franziu a testa, sem entender. Ele estava prestes a dizer algo, e o jeito como o tom de sua voz mudou fez Eduarda sentir um arrepio na espinha.
- O que você está fazendo sozinha, em uma praia tão cheia?
A pergunta o fez parecer ainda mais intrigante.
"Isso vai ser interessante", pensou Eduarda, sentindo que, de alguma maneira, aquele encontro não seria apenas mais uma casualidade.