Aquele era o último lugar do mundo em que queria estar. Uma casa num bairro residencial. Um jardim. Uma caminhonete na garagem. Um cachorro, um gato. Crianças.
E uma esposa. Uma mulher, a mesma mulher, para sempre...
Dante sentou-se na cama, em busca de ar. Um tremor abalou seu grande corpo musculoso. Ele dormia nu, mantinha as janelas abertas mesmo agora, no começo do outono. Ainda assim, sua pele estava úmida de suor.
Um sonho. Isso era tudo. Um pesadelo.
As ostras da noite anterior, talvez. Ou aquele uísque minutos antes de ir para a cama. Ou... Dante tremeu novamente. Ou apenas mais uma antiga lembrança do que acontecera quando ele tinha 18 anos e era tolo e apaixonado.
Ou ao menos havia pensado que fosse.
Dante namorara Teresa D'Angelo por três meses antes de até mesmo tocá-la.
Quando finalmente a tocara, um toque levara a outro, e a outro...
Na véspera de Natal ele a presenteara com um medalhão de ouro.
Ela lhe dera uma notícia que quase o fizera desmaiar.
- Estou grávida, Dante - Teresa tinha sussurrado em tom choroso.
Ele ficara atônito. Era um jovem, certo, mas sabia o bastante para usar preservativos. Porém, amava-a. E Teresa havia chorado em seus braços e dito que ele lhe arruinara a vida, que precisava se casar com ela.
Dante teria se casado. Teria feito a coisa certa.
Mas o destino, a sorte, ou como quisesse chamar aquilo, não permitiu. Seus irmãos notaram o quanto ele se fechara em si mesmo. Eles o fizeram sentar, deram-lhe cerveja, de modo que Dante relaxasse um pouco, e então Nicolo lhe perguntou o que estava acontecendo.
Dante lhe contou sobre sua namorada.
E os três, Nicolo, Raffaele e Falco, entreolharam-se, antes de se voltarem para Dante a fim de perguntar se ele enlouquecera. E, se tinha usado proteção, como a garota poderia estar grávida?
Ela devia estar mentindo.
Dante avançou em Falco, o primeiro a falar aquilo. Quando Rafe e Nick repetiram a mesma coisa, ele os enfrentou também. Falco bloqueou-lhe os movimentos, prendendo-lhe os braços.
- Eu a amo, droga! - exclamou Dante. - Vocês ouviram? Eu a amo e Teresa me ama.
- E ama seu dinheiro - disse Nicolo, e, pela primeira vez em dias, Dante riu.
- Que dinheiro?
Falco o liberou. E Rafe apontou que a garota não sabia que ele não era rico. Mesmo naquela época, os quatro irmãos Orsini costumavam torcer os narizes para o dinheiro do pai, o poder e tudo que acompanhava a riqueza.
- Pergunte por aí - disse Falco, o mais velhos dos irmãos. - Descubra com quantos outros rapazes ela dormiu.
Dante avançou contra ele novamente. Nick e Rafe o seguraram.
- Use a cabeça - exclamou Nick -, não o que está entre suas pernas!
Rafe assentiu em concordância.
- E exija um teste de paternidade.
- Teresa não mentiria para mim - protestou Dante. - Ela me ama.
- Diga que você quer o maldito teste - intimou Rafe.
- Ou nós mesmos diremos a ela.
Ele sabia que Rafe falava sério. Então, com pedidos de desculpas, Dante sugeriu o teste.
As lágrimas de Teresa deram lugar à fúria. Ela o xingara de muitos nomes feios, e Dante nunca mais ouvira falar dela. Sim, Teresa lhe partira o coração, mas também lhe ensinara uma lição que ainda voltava para assombrá-lo quando ele menos esperava.
Como aquele sonho ridículo.