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O Teu Prazer

O Teu Prazer

5.0
5 Capítulo
835 Leituras
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Sinopse

Índice

Uma estudante exemplar, namorada do garoto mais popular do colégio e dona de um futuro promissor, não há nada que ela possa querer. Quando Eva descobre uma traição e termina o relacionamento de dois anos, decide escrever uma lista de tudo o que gostaria de experimentar, e o primeiro item da lista é descobrir se consegue sentir prazer. Após ter uma noite intensa com um desconhecido e fugir no meio da noite, Eva jurou que não desistiria de consertar o que estava errado nela. Quando recebe a oportunidade de ficar perto dos amigos e recomeçar, Matteo aceita uma proposta de emprego em uma cidade pacata do interior. Após acordar pela manhã e perceber que a mulher misteriosa que o encantara sumiu sem deixar rastros, Matteo jurou que iria encontrá-la de novo. Diante de uma revelação que ameaça destruir tudo o que eles construíram, será possível expurgar os demônios do passado e encontrar a redenção?

Capítulo 1 Capitulo 1

Eva estava na cama há cinco dias.

Com o rosto amassado e os cabelos desgrenhados, levantou da cama e fechou a maldita cortina que deveria estar impedindo a entrada de luz; estava satisfeita em continuar naquele quarto pelo resto da tarde, desde que permanecesse tão escuro que ela nem percebesse a passagem do tempo. Com um suspiro, colocou a televisão na tomada e zapeou os canais; escolheu ver Big Brother e afundar na bolha de entretenimento fácil que ele fornecia.

Nada de pensar em como estava se sentindo uma merda.

Abriu a gaveta da escrivaninha e pegou uma das barras de chocolate que comprou no supermercado alguns dias atrás. Como gostava de comer chocolate quando estava em dias ruins, fez questão de comprar uma caixa inteira, afinal, aquela semana estava superando as expectativas.

Seu namorado não tinha respondido nenhuma das mensagens dela, as quais escrevera durante a madrugada e com lágrimas nos olhos.

“Passei a noite pensando em nós e me perguntando qual erro cometi para que você tenha traído minha confiança dessa forma. Desde que o nosso relacionamento começou, fiz o possível para te fazer feliz e ser boa o suficiente para você. Me diga onde eu errei, Marcos, é tudo o que eu preciso ouvir antes

de desistir de nós dois.”

Ela concluiu que não tinha se humilhado o suficiente, pois enviou outro sms quinze minutos depois.

“Eu sei que sou uma idiota por ainda estar te enviando mensagens, mas não consigo parar de lembrar de tudo que vivemos juntos. Me dê um motivo para lutar por nós dois... Me

dê um motivo para acreditar que as coisas podem ser diferentes. Apenas uma razão para não desistir desse relacionamento, é tudo o que eu preciso ouvir.

Eu ainda amo você.”

Suas mensagens contrariavam tudo que ela pensava no instante em que terminou com ele, talvez por estar sentindo a dor do término com mais intensidade naquela madrugada. Eva não estava acostumada a viver sem ele, e a mudança em sua rotina a estava matando.

No início da manhã seguinte, ele enviou uma resposta curta.

“Vou passar as férias de verão na casa da minha avó e esfriar a cabeça. Conversamos novamente quando eu voltar.”

Nada além daquela mensagem vaga. Nenhum pedido de desculpas por ter transado com outra garota no dia do aniversário de namoro deles, nenhuma demonstração genuína de arrependimento. Marcos decidiu passar as férias no Rio de Janeiro com a mesma velocidade que desistira do relacionamento.

Eva estava prestes a iniciar uma nova sessão de lágrimas e autopiedade quando a porta do quarto foi aberta. Estava embaixo das cobertas, com os cantos da boca cheios de chocolate e os olhos úmidos e fixos na televisão.

Triste demais para ficar envergonhada pela cena patética.

— Não acredito no que os meus olhos estão vendo!

Eva suspirou ao ouvir a voz incrédula de Jacqueline. Clara estava atrás dela, com o rosto acima de seus ombros, olhando para a amiga na cama.

— Você não responde as nossas mensagens para ficar nessa situação?

Eva cobriu o rosto com a coberta e gemeu.

— Vocês não vieram dar sermão, vieram?

— Uma surra talvez funcione melhor. — Eva ouviu um grunhido de sua amiga, seguido por passos e a sensação do colchão afundando. — Por quanto tempo você vai ficar trancada nesse quarto?

— Até que eu me sinta menos ridícula.

— Querida, seu ex-namorado é o único que deveria estar se sentindo ridículo — Clara falou dessa vez. Sua mão pequena e

delicada puxou a coberta que estava escondendo seu corpo, dando um vislumbre de seu rosto. — Que tal se levantar e sair com a gente?

— Acho que prefiro ficar sozinha, meninas. Tenho um milhão de séries para atualizar nessas férias, e tenho certeza que um pouco de silêncio me ajudará a refletir sobre o que aconteceu nos últimos dias.

Jacqueline bufou.

— Você está se ouvindo?

Eva estava. Ainda que soubesse como era fraca por se esconder embaixo das cobertas, não conseguia dar um passo à frente e recomeçar; não fazia ideia de como ser uma garota solteira de novo, e definitivamente não sabia como sair por aí e fingir que seu coração não estava partido.

Uma lágrima fugaz e rebelde escorreu de seus olhos amendoados.

— Eu me sinto a pessoa mais indesejável do mundo — Eva sussurrou.

— Você é boa demais para ele, sempre foi. — Jacqueline colocou a mão sobre as cobertas, afagando seu braço. — O Marcos pode ter sido seu primeiro, mas não é único homem e com certeza não é insubstituível.

— Você deveria estar indo a lugares e recuperando o tempo perdido, querida — Clara completou.

Eva soltou uma risada infeliz.

— Eu não tenho nenhum lugar para ir. Fui a namorada de Marcos por dois anos e não aprendi a ser nada além disso. Sei que vocês querem me ajudar, mas eu preciso descobrir quem eu sou e o que fazer com toda essa bagunça.

— Esse é o momento de fazer as coisas que você quer, Eva. Sem culpa. Sem vergonha. Existe um mundo inteiro para explorar depois de um coração partido.

Eva encarou a amiga.

— Fazer as coisas que eu quero? — repetiu.

— Sim. É normal ficar perdida depois de terminar um relacionamento longo. Agora que está solteira, é o momento perfeito para fazer tudo o que tem vontade e redescobrir quem você é.

— Faça uma lista! — Jacqueline gritou, tendo uma epifania. — Anote todas as coisas que você quer fazer e vamos riscar item por item.

Por alguns segundos, Eva pensou nas coisas que gostaria de fazer. Ela começou a namorar tão jovem, tão inexperiente. Todas as tentativas foram com ele. A primeira vez. A primeira dança. A primeira briga. Ela não tinha nada para comparar.

— Eu não sei. Acho que...

— O que você faria agora, se pudesse? Diga a primeira coisa que vier na sua cabeça.

Ligaria para ele e o forçaria a pedir perdão pelas coisas que fez. Diria que o amava e que ele quebrou seu coração.

Pediria para que ele dissesse qualquer coisa que justificasse suas atitudes e a fizesse perdoá-lo.

Mas ela sabia que nenhuma daquelas respostas era a correta, então disse a próxima coisa que surgiu em sua cabeça.

— Eu mudaria de visual radicalmente — Eva atropelou as palavras, contemplando aquela possibilidade.

Mudar de visual era um meio para chegar ao verdadeiro objetivo: se sentir uma pessoa diferente.

— E o que você gostaria de fazer?

Eva sentou na cama e olhou furtivamente para o espelho na porta; não fazia ideia do que mudaria em si mesma.

Tudo. Nada.

— Eu não sei.

— Você deveria colocar um piercing — Jacqueline sugeriu, apontando para o seu nariz.

— Ou fazer uma tatuagem — Clara completou.

Eva continuou encarando seu reflexo sem graça. Ela queria olhar para si mesma e encontrar uma mulher diferente; não aguentava mais se sentir tão comum e substituível. Olhou para os seus cabelos castanhos e compridos, ainda virgens, e imaginou como ficaria se os mudasse.

— Eu quero cortar meus cabelos. — Ela correu os dedos ao longo dos fios. Com um lampejo, completou: — E quero pintá-los, também!

— De que cor? — Jacqueline sorriu, surpresa.

Ela queria uma cor que ficasse incrível ou péssima nela.

— Vermelho. — Elas ficaram de olhos arregalados, provocando uma onda de riso. — Ruivo, eu quero dizer.

— Você ficaria incrível! — Clara suspirou, analisando o rosto da amiga. — Se me disser que topa, marco um horário com a minha cabeleireira para você.

Eva deu um sorriso e assentiu, concordando. Em seguida, Jacqueline roubou seu edredom e a forçou a entrar no chuveiro e tomar um banho decente. Sozinha no banheiro, se permitiu chorar novamente; a solidão era excelente em reavivar lembranças tristes.

Antes de sair, jogou água gelada no rosto e colocou um sorriso nos lábios, disposta a deixar as amigas felizes. Jacqueline estava jogada em sua cama, segurando um pedaço de papel e uma caneta, enquanto Clara falava ao telefone, marcando um horário com a cabeleireira.

— Eva, sente aqui! — Jacqueline levantou quando a viu no quarto e deu batidinhas na cama. — Vamos escrever a sua lista.

Eva soltou um longo suspiro. Se iria escrever uma lista de desejos, queria fazer aquilo sem a ajuda das amigas; uma delas era ousada dos pés à cabeça e louca de pedra, enquanto a outra era uma romântica incurável.

Uma dupla nada adequada para aquela tarefa.

— Vou escrever essa lista sozinha. — Eva tomou o papel das mãos da amiga e sorriu. — Mostro para vocês depois.

— Não pense que vai escapar. — Clara piscou para ela. — A propósito, acabei de marcar com a minha cabeleireira para amanhã às três da tarde.

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