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Cinco Anos, Um Amor Que Se Apaga

Cinco Anos, Um Amor Que Se Apaga

5.0
20 Capítulo
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Por cinco anos, fui a sombra de Heitor Montenegro. Eu não era apenas sua assistente; eu era seu álibi, seu escudo, a pessoa que limpava sua bagunça. Todos achavam que eu era apaixonada por ele. Estavam errados. Eu fiz tudo por seu irmão, Juliano - o homem que eu realmente amava, que me fez prometer em seu leito de morte que cuidaria de Heitor. Os cinco anos acabaram. Minha promessa foi cumprida. Entreguei meu pedido de demissão, pronta para finalmente viver meu luto em paz. Mas naquela mesma noite, a namorada cruel de Heitor, Michelle, o desafiou para uma corrida de rua mortal que ele não podia vencer. Para salvar sua vida, eu assumi o volante por ele. Venci a corrida, mas bati o carro, acordando em uma cama de hospital. Heitor me acusou de fazer tudo aquilo para chamar a atenção dele, um espetáculo patético, e depois me deixou para consolar Michelle por causa de um tornozelo torcido. Ele acreditou nas mentiras dela quando ela disse que eu a empurrei, me jogando contra a parede com tanta força que o ferimento na minha cabeça se abriu novamente. Ele ficou parado enquanto ela me forçava a beber copo após copo de uísque, ao qual ele era mortalmente alérgico, chamando aquilo de um teste de lealdade. A humilhação final veio em um leilão de caridade. Para provar seu amor por Michelle, ele me colocou no palco e me vendeu por uma noite para outro homem. Eu havia suportado cinco anos de inferno para honrar o último desejo de um homem morto, e esta era a minha recompensa. Depois de escapar do homem que me comprou, fui para a ponte onde Juliano morreu. Enviei a Heitor uma última mensagem: "Estou indo encontrar o homem que eu amo." Então, sem mais nada pelo que viver, eu pulei.

Índice

Capítulo 1

Por cinco anos, fui a sombra de Heitor Montenegro. Eu não era apenas sua assistente; eu era seu álibi, seu escudo, a pessoa que limpava sua bagunça. Todos achavam que eu era apaixonada por ele. Estavam errados. Eu fiz tudo por seu irmão, Juliano - o homem que eu realmente amava, que me fez prometer em seu leito de morte que cuidaria de Heitor.

Os cinco anos acabaram. Minha promessa foi cumprida. Entreguei meu pedido de demissão, pronta para finalmente viver meu luto em paz. Mas naquela mesma noite, a namorada cruel de Heitor, Michelle, o desafiou para uma corrida de rua mortal que ele não podia vencer.

Para salvar sua vida, eu assumi o volante por ele. Venci a corrida, mas bati o carro, acordando em uma cama de hospital. Heitor me acusou de fazer tudo aquilo para chamar a atenção dele, um espetáculo patético, e depois me deixou para consolar Michelle por causa de um tornozelo torcido.

Ele acreditou nas mentiras dela quando ela disse que eu a empurrei, me jogando contra a parede com tanta força que o ferimento na minha cabeça se abriu novamente.

Ele ficou parado enquanto ela me forçava a beber copo após copo de uísque, ao qual ele era mortalmente alérgico, chamando aquilo de um teste de lealdade.

A humilhação final veio em um leilão de caridade. Para provar seu amor por Michelle, ele me colocou no palco e me vendeu por uma noite para outro homem.

Eu havia suportado cinco anos de inferno para honrar o último desejo de um homem morto, e esta era a minha recompensa.

Depois de escapar do homem que me comprou, fui para a ponte onde Juliano morreu. Enviei a Heitor uma última mensagem: "Estou indo encontrar o homem que eu amo."

Então, sem mais nada pelo que viver, eu pulei.

Capítulo 1

No mundo das altas finanças de São Paulo, todos sabiam de uma coisa com certeza: Clara Bastos era a sombra de Heitor Montenegro. Por cinco anos, ela foi mais do que sua assistente pessoal; ela era quem resolvia tudo, seu escudo, seu álibi.

Ela limpava seus escândalos das colunas sociais, amenizava seus problemas legais e uma vez até assumiu a culpa por um acidente de carro que foi culpa dele. Ela era um fantasma em sua vida, sempre presente, sempre silenciosa, sua devoção absoluta.

Todos presumiam que era uma história de amor não correspondido, o tipo de caso trágico e unilateral que alimentava as fofocas do escritório por anos. Acreditavam que ela estaria ao seu lado para sempre, uma peça permanente na tempestade que era a vida de Heitor. Clara não fez nada para corrigir essa suposição. Ela simplesmente existia para ele.

Até hoje.

"Estou me demitindo."

As palavras, ditas com calma no escritório minimalista de Heitor, foram uma bomba detonando no silêncio. Exatos cinco anos desde o dia em que ela começou.

Bruno Corrêa, o melhor amigo de Heitor e conselheiro jurídico da empresa, engasgou com o café. Ele olhou para Clara, com os olhos arregalados de incredulidade.

"Você o quê? Clara, você está falando sério?"

Clara assentiu, sua expressão serena. Ela colocou uma carta simples, de uma página, sobre a mesa polida. "Meu contrato foi cumprido. Todo o meu trabalho foi entregue. Já limpei minha mesa."

Ela não esperou por uma resposta. Virou-se e saiu do escritório, seus passos firmes e sem pressa. O andar inteiro pareceu prender a respiração enquanto ela passava, uma onda de choque se espalhando em seu rastro.

Mas Clara não foi para casa. Ela não fez as malas nem reservou um voo. Pegou um táxi para o cemitério mais silencioso e bem cuidado da cidade, o Cemitério do Morumbi.

Ela parou diante de uma lápide de mármore preto.

JULIANO PALMER.

Ela traçou as letras do nome dele, os dedos suaves. Uma fotografia estava gravada na pedra, um jovem com um sorriso que poderia iluminar uma sala. Ele tinha o mesmo maxilar afiado e olhos intensos de Heitor, mas onde o olhar de Heitor era selvagem e imprudente, o de Juliano era preenchido por um calor profundo e constante.

Sua compostura finalmente se quebrou. Uma única lágrima escorreu por sua bochecha.

"Juliano," ela sussurrou, a voz embargada por uma tristeza que cinco anos não conseguiram apagar.

"Eu consegui. Cumpri minha promessa."

A lembrança era nítida como o dia em que aconteceu. Cinco anos atrás, o guincho de pneus, o esmagar de metal. Juliano, me protegendo com seu corpo.

O mundo era uma confusão de luzes piscando e o cheiro de gasolina. Ele estava preso, sua respiração superficial.

"Clara," ele havia sussurrado, sua mão encontrando a dela. "Prometa-me."

"Qualquer coisa," ela soluçou.

"Heitor... ele é uma bagunça. Ele é meu irmão. Cuide dele. Apenas... dê a ele cinco anos. Cinco anos para amadurecer."

Ela entendeu o verdadeiro significado dele. Juliano não estava apenas pedindo para ela proteger Heitor. Ele estava lhe dando uma saída. Estava impedindo que ela se afogasse em sua dor, que o seguisse para a escuridão. Ele estava lhe dando uma sentença de cinco anos para que ela pudesse finalmente ser livre.

Então ela concordou. Tornou-se a assistente de Heitor Montenegro, a mulher que atendia a todos os seus caprichos, que absorvia cada golpe destinado a ele. Ela fez tudo pelo homem que jazia sob a pedra fria.

Os cinco anos acabaram. Sua promessa foi cumprida. Seu próprio desejo, suprimido por tanto tempo, não havia mudado.

"Estou indo, Juliano," ela murmurou, uma finalidade silenciosa em seu tom. "Estou tão cansada. Só quero descansar com você."

Ela estava pronta para se entregar.

Seu celular vibrou, uma intrusão áspera e indesejada. Era Bruno.

"Clara! Graças a Deus você atendeu. É o Heitor." Sua voz estava frenética. "A Michelle está aprontando de novo."

O corpo inteiro de Clara enrijeceu.

Michelle Barros. A namorada de Heitor. Uma mulher que tratava o amor como uma série de jogos perigosos e de alto risco.

"Ela o desafiou para uma corrida contra a gangue das Víboras," disse Bruno, suas palavras saindo atropeladas. "O vencedor leva os direitos da estrada da costa por um ano. Heitor vai mesmo fazer isso. Ele está louco."

Clara fechou os olhos. As Víboras não eram apenas corredores de rua; eram criminosos, conhecidos por sua violência. A corrida não era sobre velocidade; era sobre sobrevivência.

Ela se viu correndo antes mesmo de tomar uma decisão consciente, chamando um táxi com a mão trêmula.

A corrida estava sendo realizada na traiçoeira Estrada Velha de Santos, escorregadia com o spray do mar. Uma multidão se reunira, seus rostos iluminados pelo brilho dos faróis. Na linha de partida estava o carro esportivo personalizado de Heitor e, ao lado, o ameaçador muscle car tunado das Víboras.

Heitor estava encostado em seu carro, um cigarro pendurado nos lábios. Michelle se agarrava ao seu braço, sua expressão uma mistura de excitação e preocupação fingida.

Bruno correu até Clara. "Você veio." Ele parecia aliviado.

"Por que ele está fazendo isso?" Clara perguntou, a voz tensa.

"Por ela," Bruno cuspiu, gesticulando com a cabeça em direção a Michelle. "Ela disse que se ele vencer, saberá que ele a ama de verdade. Aquela mulher é veneno puro."

Jeremy Santos, outro amigo de Heitor, deu um tapa no ombro dele. "Não dê ouvidos ao Bruno, cara. Michelle está apenas te testando. Mostre a ela do que você é feito."

Mas Bruno não deixou por menos. Ele se virou para Heitor. "Você está louco? Clara passou cinco anos te mantendo fora da cadeia, e você vai jogar tudo fora por uma emoção?"

Os olhos de Heitor piscaram em direção a Clara. Por um segundo, algo indecifrável cruzou seu rosto. Então desapareceu, substituído por sua arrogância habitual.

"O que foi, Bastos?" ele disse arrastado, suas palavras afiadas e frias. "Veio me ver quebrar a cara? Ou está esperando para juntar os cacos de novo?"

As palavras atingiram Clara com força. Uma dor aguda floresceu em seu peito, dificultando a respiração. Mas ela a ignorou. Ela a ignorou por cinco anos.

Ela caminhou para a frente, bem na frente dele. Pegou as chaves do carro da mão dele.

"Que diabos você está fazendo?" Heitor exigiu.

"Eu corro por você," disse Clara, a voz firme. "Sou uma motorista melhor. Você só vai se matar."

Bruno concordou com a cabeça. "Ela está certa, Heitor. Deixe-a fazer isso. Tudo o que Michelle quer é a vitória, ela não se importa com quem está ao volante."

Clara não esperou por sua permissão. Ela deslizou para o banco do motorista, o couro frio contra sua pele. Ligou o motor, seu rugido um conforto familiar.

Heitor ficou paralisado de espanto, observando-a. Ele tentou protestar, puxá-la para fora, mas ela já havia trancado as portas.

"Clara, saia do carro!" ele gritou, batendo na janela. "Isso é uma ordem!"

Ela apenas olhou para ele, seus olhos calmos e vazios. Deu um leve aceno negativo com a cabeça.

A bandeira de partida caiu.

O mundo se dissolveu em um borrão de velocidade e ruído. O motor gritava enquanto ela o levava ao limite, os pneus lutando por aderência na estrada sinuosa.

Heitor ficou congelado, seus olhos grudados nas luzes traseiras de seu carro enquanto ele desaparecia na primeira curva. Ele sentiu um aperto estranho e desconhecido no peito. Viu o rosto dela em sua mente, tão calma, tão disposta a se jogar no perigo por ele. De novo.

A corrida foi brutal. O carro das Víboras batia repetidamente no dela, tentando forçá-la para fora da estrada e para o penhasco. A multidão ofegava a cada quase-acidente, a cada guincho de metal contra metal.

Mas Clara era inabalável. Ela dirigia com uma fúria fria e precisa.

A reta final. Os carros estavam lado a lado. Com um último e violento solavanco, o carro das Víboras a fez girar. Por um momento de parar o coração, pareceu que ela ia cair do penhasco.

Então, um barulho ensurdecedor de colisão.

O carro dela bateu de lado contra a face da rocha, logo após a linha de chegada. Vitoriosa.

O silêncio caiu sobre a multidão.

A porta do motorista estava amassada. Clara emergiu, mancando. Sangue escorria de um corte em sua testa, empastando seu cabelo.

Ela caminhou direto para Heitor, seu corpo balançando. Pressionou o símbolo da vitória - um broche brega em forma de víbora - na mão dele.

"Você venceu," ela disse, a voz mal um sussurro.

Então seus olhos reviraram, e ela desabou.

Heitor reagiu sem pensar. Ele se lançou para a frente, pegando-a pouco antes de ela atingir o chão.

Ela parecia assustadoramente leve em seus braços, frágil como um pássaro. Um sentimento que ele não conseguia nomear, algo agudo e doloroso, percorreu seu corpo.

"Clara?" ele chamou, a voz tingida de um pânico que ele não reconhecia. "Clara!"

Enquanto perdia a consciência, ela pensou ter sentido a mão de Juliano na sua. Uma leve sensação de paz a envolveu antes que tudo ficasse preto.

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Mais Novo: Capítulo 20   07-30 10:47
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Capítulo 1
30/07/2025
Capítulo 2
30/07/2025
Capítulo 3
30/07/2025
Capítulo 4
30/07/2025
Capítulo 5
30/07/2025
Capítulo 6
30/07/2025
Capítulo 7
30/07/2025
Capítulo 8
30/07/2025
Capítulo 9
30/07/2025
Capítulo 10
30/07/2025
Capítulo 11
30/07/2025
Capítulo 12
30/07/2025
Capítulo 13
30/07/2025
Capítulo 14
30/07/2025
Capítulo 15
30/07/2025
Capítulo 16
30/07/2025
Capítulo 17
30/07/2025
Capítulo 18
30/07/2025
Capítulo 19
30/07/2025
Capítulo 20
30/07/2025
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