A noite abafada do Algarve não trazia alívio para Jonathan Gordon. O seu casamento de três anos com Vanessa Hayes desvanecia-se num vazio gélido. Ele tinha largado tudo em Lisboa – a sua família abastada, o futuro como herdeiro da Construtora Gordon – por um amor que se revelava uma mentira. O som suave da porta da frente a fechar-se, um ritual noturno para "apanhar ar fresco" , desta vez quebrou algo nele. Jonathan seguiu-a, mantendo distância, até que o carro dela parou. E então, viu. O artista boémio, Hugo Contreras, beijava Vanessa com a paixão que Jonathan nunca conhecera. O choque inicial deu lugar a uma fúria gelada. Tudo fazia sentido agora: o distanciamento, as desculpas, a vida secreta. A humilhação era insuportável. Ele tinha sido traído, não apenas no corpo, mas na própria alma. No dia seguinte, Vanessa e Hugo surgiram no seu escritório, ele a gemer teatralmente de dor. Ela, com uma urgência que Jonathan sabia ser falsa, implorava ajuda para o amante. Dias de manipulação, mentiras e encenações dolorosas se seguiram. Hugo, com a cumplicidade de Vanessa, orquestrava ferimentos falsos, um falso envenenamento, um sequestro encenado. Tudo para vilipendiar Jonathan, que via a mulher que amava acreditar nas acusações mais vis contra ele. Até foi forçado a doar o seu sangue para salvar a vida do amante dela. Eles falsificaram uma gravação, usando a voz de Jonathan cortada e editada para o incriminar. Vanessa, com fúria nos olhos, esbofeteou-o e atirou-o contra a cabeceira da cama do hospital. Ela acreditou em tudo, sem hesitação. Naquele momento, perante o sangue na sua mão e a rejeição total de Vanessa, Jonathan sabia. Não importava se ela acreditava nele. O seu coração estava oco, a sua vida antiga tinha terminado. Jonathan regressou a Lisboa, determinado a construir uma nova vida, livre das sombras do passado e da mulher que o tinha destruído.