Naquela tarde, em meio ao caos do escritório, a voz fria do Sr. Fernandes cortou o ar como uma lâmina. Ele jogou o projeto mais importante da empresa na minha mesa, arruinado por desenhos de flores e citações filosóficas. Eva, a nova estagiária, chorava e soluçava, apontando para mim: "Eu só segui as instruções da Laura! Ela disse para ser 'criativa'!" O choque se transformou em humilhação quando Marcos, meu namorado de cinco anos, entrou na sala. Eu esperei que ele me defendesse, que conhecesse meu profissionalismo. Mas ele olhou para mim com decepção e acusação: "Laura, por que você fez isso? Você a sabotou, talvez por inveja?". A palavra "inveja" pairou no ar, venenosa. Em questão de minutos, enquanto Marcos consolava Eva em um canto, eu estava com meus pertences em uma caixa de papelão, demitida. Saí do prédio sob uma chuva torrencial, a traição e a injustiça pesando mais que a água fria. Minha carreira, meu relacionamento, tudo desmoronou por uma mentira absurda. Distraída pela dor, não vi o carro vindo. Houve uma buzina, uma luz forte, e depois, escuridão. Mas então, a luz do sol da manhã invadiu meu quarto. Eu estava de pé, o cheiro de café fresco vinha da cozinha e a data no meu celular era 23 de outubro. O dia antes do desastre. Eu estava viva, e eu tinha voltado. Com a memória de suas traições e uma sede ardente de vingança, eu sabia que desta vez o jogo seria diferente.