A dor veio primeiro. Eu era Miguel Silva, um arquiteto com um futuro brilhante e amanhã seria meu noivado com Ana Clara. Mas no beco escuro, fui espancado e cegado. "É ele mesmo?" uma voz rouca perguntou. "Sim. O noivo. O chefe disse para dar um jeito nele." No hospital, um pesadelo se desenrolou. Ouvi a voz da minha noiva Ana Clara e da minha mãe, Sofia Silva. "O médico disse que ele vai ficar cego para sempre." "É melhor assim. Um cego não pode administrar uma empresa. Um cego não pode ser o herdeiro dos Silva." Minha própria mãe, descartando-me como lixo, planejando passar meu lugar para Lucas, meu irmão adotivo. Ana Clara, cúmplice, aceitou se casar com ele. Meu mundo desabou. Eles me destruíram, me culpavam pelo que eles mesmos fizeram. Eles achavam que me transformaram em um inválido indefeso. Mal sabiam eles que, na escuridão, algo novo estava nascendo. A raiva se transformava em uma fria e dura determinação. Eu não era mais Miguel Silva, a vítima, o cego. Eu era outra pessoa. E eu ia queimar o mundo deles até o chão.