Meu celular vibrou, mostrando o nome de Rafael Mendes. Eu, Pedro Henrique Costa, o suposto programador comum da Inovação Tech, sentia um arrepio. Ele me ofereceu uma "companhia de primeira classe" para uma noite no Clube Elysian. Recusei, dizendo: "Eu amo minha esposa, Sofia." Mas algo me forçou a ir, os negócios eram cruciais. Chegando lá, o luxo sufocante contrastava com minhas roupas simples. A porta da suíte 702 estava entreaberta. Risadas femininas e a voz de Gustavo Ribeiro, o "amigo" de Sofia e seu ex-namorado, me atingiram. Meu mundo desabou ao ver Sofia lá dentro. Ela, minha esposa, em um vestido vermelho justo, rindo. Um homem brindava a ela, falando de seus "serviços". Amigos dela me chamavam de "programador inútil", dizendo que eu comia "macarrão instantâneo e jogava videogame". Gustavo passou o braço em volta de Sofia, dizendo que cuidaria dela "assim que ela se livrasse daquele peso morto". Sofia não protestou. Então, seus olhos encontraram os meus. E a máscara de frieza e raiva consumiu seu rosto. "Pedro? O que você está fazendo aqui? Você está me seguindo?" ela cuspiu. A traição era uma facada. "Você é um lixo sem valor, não pertence a este lugar! Saia daqui imediatamente e não me envergonhe mais!" ela gritou. Gustavo zombou, sugerindo que ela me mandasse embora antes da chegada do CEO da Inovação Tech. Minha cabeça girava. Meu próprio sócio me oferecer Sofia como acompanhante? E ela ali, pronta para "negócios"? Naquele instante, algo em mim se quebrou. "Divórcio", eu disse, a voz rouca. O pânico substituiu o desdém nos olhos de Sofia. "Não é o que você pensa! Eu posso explicar!" ela implorou. Mas eu não quis mais ouvir. "Não há nada para explicar. Eu vi o suficiente." Os insultos de Gustavo continuaram, me chamando de lunático por dizer que Rafael Mendes me convidara. Até Sofia sussurrou: "Pedro... por que você está mentindo?" A descrença dela foi o golpe final. Eu estava cansado de me esconder, cansado de ser visto como um "lixo sem valor". Eu havia escondido minha verdadeira identidade de CEO bilionário por amor, para ser amado por quem eu era, não pelo meu dinheiro. Que tolo eu tinha sido. Eu tentei ligar para Rafael para provar, mas Sofia insistiu: "Pare, Pedro. Por favor, pare de se humilhar." Foi quando Beto, um homem que eu havia exposto por fraude, se aproximou. Ele me empurrou, e o interruptor dentro de mim virou. A dor, a humilhação, a raiva de três anos explodiram. Minha mão disparou, atingindo sua garganta, e ele caiu, sem ar. O "programador inútil" acabara de derrubar um homem com um único golpe. A sala mergulhou em silêncio mortal. Eu sabia que não haveria mais esconderijos. Eu estava farto de ser Pedro, o programador. Era hora de Pedro, o CEO, se levantar.