A escuridão tomou conta, e a dor rasgou meu corpo enquanto eu caía do prédio mais alto da cidade. Lá embaixo, as luzes da cidade eram estrelas distantes. Minha vida havia se tornado lixo, acusada de colar no vestibular, humilhada publicamente e abandonada por todos. Minha rival, Sofia, havia tirado nota máxima, e minhas respostas eram idênticas às dela. Ninguém acreditou em mim; todos me chamavam de trapaceira. A humilhação destruiu tudo. Meu pai, um homem orgulhoso, morreu de ataque cardíaco. Minha mãe não suportou o luto e o escândalo, e sua doença a consumiu em meses. Meu namorado, Lucas, me abandonou publicamente, dizendo ter vergonha de um dia ter me amado. Eu perdi tudo: meus pais, minha reputação, meu futuro. O desespero me levou ao fim. Mas a dor da queda não veio. De repente, abri os olhos. O cheiro de giz e velhos livros. O familiar som de uma caneta riscando o papel. Eu estava sentada na minha carteira, vestindo o uniforme da escola. No quadro-negro, a data: 15 de março. O dia do primeiro simulado do ensino médio. Eu renasci. Três anos antes da minha desgraça. Um arrepio frio percorreu minha espinha, e a alegria desta segunda chance foi imediatamente substituída por uma fúria gelada. Eu não deixaria a história se repetir. A senhora Martins se aproximou com a prova: "Boa sorte, Maria. Sei que você vai se sair muito bem." Desta vez, não peguei a caneta. Fiquei ali, encarando a prova em branco, com uma determinação sombria: eu não seria a vítima. Eu seria a caçadora. Olhei para Sofia, sentada do outro lado da sala, um sorriso inocente em seu rosto. Ao lado dela, Lucas me olhava com desaprovação. Ela já estava tramando. O jogo já havia começado. E desta vez, eu estava pronta.