O cheiro de graxa nas minhas mãos era o lembrete constante de um sacrifício: cada hora extra, cada pão com mortadela, valia a pena pelo apartamento e pela vaga da Sofia na melhor escola de São Paulo. Mas numa tarde abafada, uma ligação desconhecida jogou meu mundo no abismo: "É da Escola Primária do Interior... sobre a taxa de material didático da Sofia." Em choque, descobri que meu João, meu marido, e Pedro, meu próprio irmão, haviam orquestrado a farsa: minha filha estava abandonada no interior, enquanto a filha da amante de João, Patrícia, usurpava seu lugar na escola. Fui à Escola Boa Esperança para enfrentar a verdade e, ao invés de justiça, encontrei humilhação pública: acusada de sequestro pela professora Ana e por Patrícia, fui espancada, arrastada para fora, sob os olhos indiferentes de Pedro. No meio do caos, vi a frieza no olhar de João, o pai da minha filha. Ele estava ali, não para me proteger, mas para me destruir, me taxando de louca e ameaçando tirar Sofia de mim para sempre. Ele achava que tinha me quebrado, mas a dor e a fúria me deram um novo propósito. Eu tinha que encontrar minha filha.