Meu mundo se resumia a estas quatro paredes, um chef apaixonado vivendo sua vida perfeita ao lado da arquiteta genial, Clara. Mas então, veio o acidente dela, e minha vida virou um borrão de reabilitação. Abandonei tudo, esgotei minhas economias, recusei trabalhos, tudo para trazê-la de volta, para vê-la sorrir como antes. E ela voltou, mas não era a minha Clara; era fria, distante, ambiciosa, e seus olhos me olhavam com uma indiferença que gelava a alma. Então, a vi saindo de um carro de luxo, beijando meu ex-noivo, aquele empresário que ela dizia desprezar. Eu a confrontei, e ela riu. "Você realmente acreditou em tudo, não é, Lucas? O acidente foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu precisava do dinheiro para recomeçar." Ela levou tudo: minhas economias, minha dignidade, meu coração. Fiquei sozinho, com o apartamento impagável, e as portas de todos os restaurantes se fecharam. Rumores venenosos se espalharam: "problema com bebida", "roubo", "reputação não é das melhores". Era Clara e o noivo dela, destruindo minha vida, minha carreira, até minha alma. Eu estava no fundo do poço, sem nada, sem ninguém, a dor me sufocando. Eles queriam que eu desaparecesse, que eu me entregasse. Mas, revirando uma caixa velha, encontrei o caderno de receitas da minha avó. O cheiro de comida caseira, de amor e de memórias me invadiu. Eles tiraram tudo de mim, mas não podiam tirar quem eu sou. Eu não ia desaparecer. Eu não ia me entregar. Eu ia recomeçar. E eu ia lutar.