A água salgada queimava meus pulmões. A silhueta de Pedro se recortava contra a lua, ele não se moveu, apenas observava. Ao lado dele, Sofia, minha "melhor amiga", sorria, um sorriso vitorioso que selou meu destino. Eles me deixaram para morrer, levando consigo a fortuna da minha família e a minha confiança cega. Meus olhos se abriram com um sobressalto, ainda sentia o peso esmagador da traição. Eu estava viva, de volta ao dia mais crucial da minha vida: a seleção de cônjuges. Um costume bizarro e antiquado da elite carioca que, na vida passada, me fez escolher Pedro. Ele, que prometeu o paraíso, escondeu o inferno, e agora estava ali, na sala, com seu sorriso de surfista charmoso. Eu o vi me usando como um escudo humano para salvar Sofia. Ele não se importou, só havia irritação em seus olhos. Minha vida, meu amor por ele, tudo construído sobre uma mentira. Como pude ter sido tão cega? Mas desta vez, não. Hoje, Luísa não seria a tola apaixonada. Eu seria a rainha do meu próprio tabuleiro de xadrez, mesmo que isso significasse escolher João, meu rival de infância. E para o choque de todos, especialmente o dele, eu disse: "Eu escolho você, João."