A escuridão da masmorra era o meu fim. Fria e úmida, com cheiro de mofo e desespero, ela selava o destino de Maria, a cantora que outrora brilhava, agora caída. Minha irmã Joana, vestida de seda e sorrisos falsos, pairava sobre mim com André, meu ex-noivo, ao seu lado. "Por quê?", sussurrei, a voz irreconhecível. "Porque eu merecia tudo isso", ela devolveu, sem titubear. Lembrei do escândalo, das acusações plantadas por ela no meu álbum, me transformando em herege. A gravadora rompeu o contrato, os fãs me abandonaram, e minha vida foi destruída num piscar de olhos. Confiei a ela a mixagem final, e ela me apunhalou. "Você me destruiu", as lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto sujo, enquanto uma lâmina fria encerrava meu sofrimento. Meu último suspiro foi um desejo ardente, um anseio louco por uma segunda chance, para fazer tudo diferente. E de repente, a dor sumiu, o frio desapareceu. Abri os olhos. Eu estava de volta, no salão da mansão dos meus pais, no dia do lançamento do meu álbum. Eu era jovem, radiante, e a inocência ainda preenchia meus olhos. Um calafrio me percorreu: não era um sonho. Foi então que a vi: Joana, segurando a unidade de áudio, pronta para a sabotagem. Desta vez, não haveria ingenuidade, nem confiança cega. Desta vez, a única ruína seria a dela. Eu voltei, e meu inferno se tornaria o dela.