O meu filho, Leo, faz cinco anos hoje. Preparei tudo, o bolo de super-heróis, os presentes, à espera do pai dele. Mas o meu marido, João, não está aqui. Ele está, como em todos os anos, com a sua ex-namorada, Sofia, e a filha dela, Lara, que também faz anos hoje. Quando a minha sogra, Dona Almeida, me ligou, tive que mentir sobre a sua ausência, inventando uma "emergência de trabalho". Ela suspirou, um som pesado de desilusão. "Ele é fraco quando se trata da Sofia", disse ela, a sua voz dura. "Tu és uma boa mulher, Ana. Demasiado boa. O meu filho não te merece se continua a fazer isto." "Pensa no Leo. Que tipo de exemplo é este para ele?" As suas palavras eram a pura verdade. Olhei para o meu filho, a sua excitação de aniversário desvanecida, substituída por uma resignação silenciosa. Nenhuma criança de cinco anos deveria conhecer tamanha desilusão. Cansada de ser a segunda opção, cansada desta mentira anual. Chega de esperar por um homem que nunca está lá quando mais precisamos dele. Peguei no meu telemóvel e digitei uma mensagem curta para o João. "João, quero o divórcio."