Júlia segurava o papel do divórcio. Uma obra de arte da manipulação, usou a desculpa da falência para se livrar de Gabriel. Ele, com seu coração mole, nunca a abandonaria na dificuldade, pelo contrário, se destruiria por ela. E foi exatamente isso que a enojou. Ela não queria sacrifício, queria o poder e a paixão que seu primo, Daniel, poderia lhe oferecer. A voz dele, trêmula e confusa, perguntou: "Divórcio? Por dinheiro? Eu te amo, vamos passar por isso juntos." Respondi: "Não te amo mais. É melhor assim. Assine os papéis." No mesmo instante em que ela se livrou dele, o idiota, ele pegou um segundo emprego, vendeu o carro, o relógio, até doou sangue. Tudo para uma conta conjunta que ela secretamente usava para planejar seu casamento com Daniel. "O plano está funcionando perfeitamente", Júlia disse, com uma risada fria. Até que um dia, exausto após um turno duplo, ele decidiu fazer uma surpresa, uma rosa branca em mãos. A porta do escritório estava entreaberta e a verdade foi revelada: "Mal sabe ele que estou usando esse dinheiro para planejar meu casamento com o Daniel." O coração de Gabriel parou. "A história do câncer terminal do Daniel? Foi genial. Você conseguiu convencê-lo a forjar os exames?" "Claro. Ele é tão... previsível. Tão chato. O amor dele me sufoca." Cada palavra era uma facada em seu peito, pois ele, que cresceu ouvindo português da mãe brasileira, entendia cada parte da conversa. Seu amor, seu sacrifício, sua dor, sua esperança, tudo era uma piada para ela. Ele não era um herói, era um tolo sendo enganado, e a rosa branca caiu de seus dedos. Naquela noite, Gabriel olhou para sua própria assinatura. Ele saiu do apartamento e desapareceu na noite, sem deixar rastros.