O ar na funerária era frio e pesado. Eu estava ao lado do pequeno caixão branco de Sofia, minha filha de seis anos. Minha esposa, Clara, não estava lá. Ela ligou, dizendo estar "devastada demais". Mas um colega de trabalho a viu no café, "parecia bem". A dúvida se plantou. No corredor, a porta de uma sala de descanso estava entreaberta. Eu ouvi a voz dela, irritada: "Ele é um idiota. Acredita em qualquer coisa que eu digo." E então, o choque. "Sofia foi um acidente. Ela atrapalhou minha vida por seis anos. Agora eu estou livre." Meu mundo desabou quando outra voz perguntou: "Não foi um tratamento, foi?" E a resposta de Clara, fria e sem remorso: "Foi eutanásia. Rápido e indolor." Minha filha não morreu. Ela foi assassinada. Pela própria mãe. Lembrei-me do último vídeo de Sofia, sorrindo: "Mamãe disse que vou fazer um tratamento para ficar forte." Ela não estava doente. Como pude ser tão cego? A mulher que eu amei era um monstro. Ela destruiu o quarto de Sofia. Como se ela nunca tivesse existido. "Ela não estava doente!" Eu gritei, pela primeira vez desafiando-a. Então, Lucas, o "amor da juventude" dela, apareceu em minha casa, no dia seguinte ao enterro. Clara estava cozinhando para ele. Para Lucas, que nem ousou ir ao funeral. "São joguinhos estúpidos!" Ela zombou do trabalho que construiu a carreira dela. A verdade explodiu. Oito anos de humilhação, de ser um "sustentado". "Você levou nossa filha... para ser morta porque era um 'fardo'?" A aposta era clara, o divórcio inevitável. "Eu quero o divórcio, Clara." "Essa casa é minha. Tudo aqui é meu. Você não tem nada!" ela cuspiu. "Teste-me," eu respondi, com uma nova determinação. Eu sabia que ela e Lucas planejavam roubar meu projeto secreto, um motor de IA. Liguei para Mariana, minha advogada, com um pedido urgente. "Eu quero registrar a patente imediatamente. No nome da minha filha. Sofia Almeida." A batalha pela honra de Sofia estava prestes a começar.