Quando o meu voo do Brasil aterrou em Portugal, o meu telemóvel explodiu com mensagens do meu marido, Pedro: "Eva, onde estás? O teu pai precisa de ti." A caminho do hospital, decidi que ia pôr fim ao nosso casamento. A noite anterior, do outro lado do Atlântico, a verdade tinha atingido-me como um raio: Pedro hipotecou a casa da minha avó, o meu único porto seguro, para um negócio falhado com a sua ex-namorada. A sua resposta? Fria e esmagadora: "Estás a brincar? Não sejas infantil. O teu pai está a morrer e tu preocupas-te com isso?" A humilhação apertou-me o peito, mas nada me preparou para o que aconteceu no quarto do hospital. Ele apareceu, desgrenhado, fúria e cinismo nos olhos, ignorando o meu pai no leito de morte para me questionar sobre o divórcio. O meu pai, com o último fio de força, forçou Pedro a sair. Ali, naquele silêncio pós-tempestade, percebi a ironia cruel: o homem que eu desafiei por Pedro há cinco anos, tinha razão. E não só isso. O meu pai, na sua última prova de amor, confessou que sempre soube, sempre desconfiou, e protegeu a minha herança com uma cláusula secreta no seu testamento. Eu tinha perdido tudo: o marido, a casa, a ilusão de uma vida. Mas o meu pai tinha-me dado uma arma. E agora, iria lutar.