Acordei num hospital, o cheiro a desinfetante a sufocar-me. A minha cabeça latejava e a perna esquerda, partida, gritava de dor. A minha mãe estava lá, pálida, mas Pedro, o meu marido, não. "Onde está o Pedro?", perguntei, a voz fraca. A resposta dela destruiu o meu mundo: Pedro estava a "cuidar" da Cláudia, a minha meia-irmã, que teve um "ataque de pânico" por causa do meu acidente. Liguei-lhe, só para ouvir a voz irritada do meu marido a chamar-me egoísta e a desligar. Tentei entrar em casa, mas a fechadura fora mudada. Pedro tinha-me trancado para fora da NOSSA vida. Depois, descobri o teste de gravidez positivo na mesa de cabeceira dele. Um teste de gravidez positivo. Da Cláudia. Eles tinham-me substituído. Na nossa casa. Na nossa cama. Tinham concebido um filho enquanto eu lutava pela vida no hospital. Como pude ser tão cega? A dor do corpo era nada comparada à traição. Mas quando a ex-namorada do meu padrasto me contou que o Tiago tinha um padrão – engravidar as irmãs das parceiras – percebi que isto não era um mero "acidente" . Era um jogo cruel e manipulador. Não ia permitir que destruíssem mais ninguém. Com a minha mãe ao meu lado, decidi lutar. Eu ia desmascará-los e recuperar a minha vida.