Num segundo, virei-me para apanhar uma lata de feijão preto no supermercado. Quando me voltei, o carrinho estava vazio. O meu filho Lucas tinha desaparecido. O pânico gelou-me o sangue. Liguei para o meu marido, Pedro, em desespero. Ele atendeu, mas a sua preocupação esvaneceu-se assim que a mãe, a Sofia, interveio. "Desapareceu? Como pudeste ser tão descuidada?" A voz dela era cheia de acusação. O Pedro, então, disse-me para "parar de criar problemas" e procurar sozinha, antes de me bloquear. A polícia mostrou-me as imagens de segurança: uma mulher de chapéu e óculos levava o Lucas. Ele estendeu os braços para ela, sem lutar, como se a conhecesse. Os polícias insinuaram que eu era uma má mãe por ele ter ido "de livre vontade". Ninguém da família do Pedro ligou. Nem a seguir, nem depois. O meu mundo caiu. O meu filho de três anos tinha desaparecido, e o pai não se importava. Mas a dor deu lugar à raiva. Liguei para a Sofia. Ela fingia preocupação, mas o Pedro tinha-a bloqueado. A gota d'água foi quando ela disse: "O Lucas não é família? Ele não é teu neto?" "Claro! Mas ele está desaparecido, e a Beatriz está aqui, a precisar de nós. Um homem tem de cuidar da sua família de sangue primeiro." Família de sangue. Eu não era. O meu filho, aparentemente, também não. "Quero o divórcio, Sofia." Ela riu, zombeteira. "Não sejas ridícula. Estás a reagir de forma exagerada." Naquele momento, percebi que estava sozinha nisto. E que nunca mais voltaria para aquela família. Decidi que ia encontrá-lo. Sozinha. Vendi as joias da minha mãe, aluguei um apartamento e comecei a minha própria busca. Cada cartaz, cada face que eu encontrava, era uma promessa. Quando Pedro ligou, com novas desculpas e um detetive particular, soube que a minha vingança tinha começado. Eu ia encontrar o Lucas. E eles iam pagar.