Minha vida era um conto de fadas. Até o dia em que o médico me entregou um simples papel. "Probabilidade de paternidade: 0%." O bebé que eu amava, que eu pensava ser meu, não era. Inês, minha esposa, tremia ao meu lado, os seus olhos cheios de súplicas e mentiras descaradas. "Deve haver um engano, Leo! Eu nunca te traí!" Mas a voz dela soava oca, e sua negação apenas me sufocava. Lembrei-me dos olhos azuis do bebé, tão diferentes dos nossos. Da dúvida da minha mãe, que eu ignorei. A minha sogra, Clara, ainda ousou ligar, exigindo dinheiro para "o meu neto", sem qualquer noção da verdade. O meu coração, outrora cheio de amor, partiu-se em mil pedaços, substituído por uma clareza fria e avassaladora. Eu queria respostas. Eu precisava de me afastar da falsidade. Peguei na minha mala, determinado a deixar tudo para trás. Mas Inês confessa, entre soluços: "Foi um erro. Apenas uma vez." "Quem?" gritei, a dor transformando-se em fúria. Ela se recusa a dizer, mas o destino já tinha o seu plano. Num bar decadente, encarei um homem com olhos estranhamente familiares. Eles eram azuis. Os mesmos olhos azuis do bebé. Uma raiva arrepiante tomou conta de mim. "Tu és o instrutor de yoga da Inês," sibilei, pronto para a minha vingança.