Quando recebi a chamada do hospital, estava a regar orquídeas até a minha mão tremer e o regador partir-se. O meu pai, Miguel Costa, teve um ataque cardíaco grave e precisava de uma cirurgia de emergência de 50.000 euros. Vinte mil euros de depósito. Agora. Liguei para o meu marido, Leo. Ele estava numa festa. A festa de aniversário dos seus pais. "Eva, isso é muito dinheiro. Não posso simplesmente transferir essa quantia. A mãe ficaria furiosa." Ouvi risos, música alta. Ouvi a voz da Clara, a ex-namorada dele. Implorei, "É a vida do meu pai, Leo!" Ele desligou. Minutos depois, vi a história da irmã dele no Instagram: Leo e Clara, lado a lado, ela com a mão no braço dele. A minha sogra a brindar a eles, chamando-os "feitos um para o outro". Uma foto deles a dançar, próximos, testas a tocarem-se. A legenda: "Almas gémeas a encontrarem o seu caminho de volta. #amorverdadeiro". O meu marido, o homem que prometeu amar-me e proteger-me, não só estava a permitir que o meu pai morresse, como também exibia abertamente a sua traição. Com o coração destroçado, mas uma clareza fria na mente, levantei-me do chão do hospital. Eu ia salvar o meu pai. E depois, ia salvar-me a mim mesma do meu casamento. Não precisava de Leo. Preciso de um advogado.