A polícia ligou às três da manhã. O meu irmão, Miguel, estava morto. Overdose, disseram. O Pedro, o meu marido, nem se mexeu ao meu lado. Ele odiava o Miguel. Quando cheguei ao apartamento dele, o caos e a dor eram as únicas companhias. Miguel jazia no chão, pálido, com uma seringa ao lado. Mas o choque maior não foi a visão, foi quando o Pedro ligou. "Já trataste de tudo com a polícia? Não te esqueças do jantar com o meu chefe hoje à noite. É muito importante para a minha promoção." O meu irmão tinha acabado de morrer, e ele estava a falar de um jantar. A sua voz, sem um pingo de remorso, vazia de qualquer emoção humana, disse: "Não sejas dramática. O Miguel escolheu este caminho. A minha carreira é o nosso futuro. A tua lealdade devia estar comigo." Nesse momento, a ficha caiu. O meu casamento não era apenas tóxico; estava morto. Tal como o meu irmão. Sem olhar para trás, fiz as malas e saí. Mas algo me perturbava. Miguel estava limpo. Ele tinha um novo emprego, esperança. A polícia disse overdose, mas o meu coração berrava que havia algo errado. Poderia a morte do meu irmão estar ligada ao desprezível ambicioso que chamei de marido? Decidi descobrir a verdade. E se a verdade fosse um monstro, eu iria desmascará-lo.