Eu estava na praia, sentindo o sol quente na pele, quando a mensagem do meu marido, Pedro, virou o meu mundo de cabeça para baixo. O filho da minha melhor amiga tinha sofrido um acidente. Mas a minha voz, desesperada, só perguntava: "E o Leo? Onde está o nosso filho?" O Pedro estava no hospital com a Sofia, a ajudá-la. E o nosso Leo? "Ele ficou no carro, a dormir", disse ela, a voz distante. "No calor sufocante." Deixou-o no carro. Onde o encontrei, pálido, imóvel, quase morto. O meu filho lutou pela vida, mas sobreviveu com danos cerebrais graves. O Pedro, o pai dele, disse que não pensou, que foi um acidente infeliz. A Sofia, a minha melhor amiga, implorou que eu o perdoasse. Como? Como perdoar quem quase tirou a vida ao meu filho? Como aceitar as desculpas de quem trocou o meu filho por uma amiga? A minha sogra disse para eu o perdoar, porque "os casamentos passam por dificuldades", enquanto meu Leo, o meu pequeno grande guerreiro, lutava para simplesmente existir. O que eles não sabiam é que as suas desculpas e a sua culpa não traziam o meu filho de volta. Não apagavam as cicatrizes na sua mente. Nesse dia, com a voz embargada e a alma dilacerada, tomei uma decisão: O Pedro ia pagar. E eu ia lutar. Por cada milímetro de futuro que roubaram ao meu filho. Eu sabia que a guerra tinha apenas começado.