- Cassandra deixou claro que se não me livrar dela as consequências serão graves. - Revelei trêmulo. - Eu amo minha filha, mas não posso ficar com ela. - Confessei abraçando minha pequena que dormia tranquilamente enrolada em sua manta amarela. - Cassandra é uma mulher má e sem escrúpulos. Se não á deixar aqui provavelmente vai se livrar dela em outra ocasião.
- Sua consciência ficará tranquila em abandona-la nesse lugar conhecido por ser tão horrível ?.- Tornou em perguntar.
- Viverei com essa maldita culpa para o resto da minha vida, Alfredo. - Respondi, olhando para o rostinho doce e angelical da minha Sofia.
Alfredo é meu advogado de confiança e amigo de longos anos. Era o único que sabia o quanto amava Kiara, e que nosso amor era impossível devido nossa situação econômica.
Kiara trabalhou como arrumadeira alguns anos na mansão da minha mãe, e quando voltei dos estudos no exterior, meus olhos de imediato se cruzaram com os dela, e naquele momento soube que havia encontrado o amor da minha vida.
A princípio vivemos um romance com muitas promessas e desejos, contudo, Cassandra Adams, uma antiga namorada havia voltado da Espanha, e devido á situação econômica dos meus pais, a única maneira de salvar o nosso patrimônio da falência e sobrenome de escândalos eminentes, era o casamento.
Cassandra Adams é uma mulher, alta, bela, olhos azuis, cabelos pretos, herdeira de um invejável império.
Características:Extremamente cruel, possessiva, doente de ciúmes.
Após o casamento com Cassandra, minha vida se transformou num verdadeiro inferno. Era dominado pela vaidade e o egocentrismo.
Vivia uma vida monótona e controlada pela própria Cassandra.
Quando meus pais faleceram devido um acidente automobilístico me afundei na depressão, e utilizei o álcool como recurso para esquecer o sofrimento e o ranco da vida infernal que levava ao lado da Cassandra. Contudo, quando reencontrei Kiara naquela tarde fria vendendo flores no semáforo, soube que havia esperanças ao lado dela.
Por contra partida, cassandra havia descoberto meu caso extra conjugal algumas semanas depois, e quando me confrontou jurou que se vingaria da Kiara e principalmente de mim.
Estava decidido pela separação para ficar com a Kiara, quando Cassandra através de artimanhas e mentiras, conseguiu me manipular até que sem alternativas desistir, e dei continuidade ao casamento. Contudo, já era tarde, Kiara estava grávida.
Quando Cassandra descobriu á gestação da Kiara, ficou completamente perturbada e obsessiva em destruí-la.
Através de planos bem articulados Kiara sofreu um acidente e foi adiantado o trabalho de parto que somente aconteceria em poucas semanas.
Devido á hemorragia, Kiara não resistiu á cirurgia de emergência, me deixando responsável pela nossa filha, cuja nasceu quatro dias atrás e se chama Sofia Angelis.
Cassandra quando descobriu o nascimento da Sofia, foi implacável e jurou que se não me livra-se da minha filha, a mesma o faria de uma forma extremamente cruel como o fez com Kiara.
- Eu posso me comprometer em cuidar da Sofia. - Alfredo insistia. - Posso esconde-la na casa da minha irmã, até Cassandra esquecê-la.
- Cassandra nunca vai esquecê-la. - Disse, depositando um beijo casto na testa da minha Sofia. - No orfanato ela estará segura e longe das maldades da Cassandra. - Segurei os dedinhos pequenos da minha filha. - Se Cassandra foi capaz de articular a morte da Kiara, imagine o que faria com a minha Sofia.
- Se separe dela e cuide da menina. - Alfredo me aconselhava. - A enfrente de uma vez por todas!. Você pode ser feliz ao lado da sua filha.
- Cassandra tem todos os ativos das empresas Montserrat, e tem o controle da fortuna. Separação não existe no vocabulário dela, se tentasse me separa a vida da minha filha correria riscos. Cassandra poderia mata-la. Preciso protege-la. - Fui firme na minha decisão. - Esse orfanato é horrível, mas sei que Cassandra não vai procura-la por aqui, minha filha ficará segura.
- Já pensou o quanto ela pode sofrer nesse lugar ?. Alfredo perguntou demonstrando vestígios de compaixão. - Sofia merece ter você por perto.
- Eu sei que ela vai sofrer nesse lugar, mas preciso protege-la, Alfredo.
- Adam Montserrat, o seu irmão, não pode cuidar dela ?. - Alfredo insistia.
- Adam está passando por problemas de saúde relacionado ao câncer, e Pietro é um adolescente de dezesseis anos, não teria maturidade suficiente para protege-la, talvez algum dia ele possa cuidar da minha Sofia, mas no momento é apenas um jovem imaturo.
-Só tenha cuidado para não se arrepender e se tarde demais. - Alfredo alertou com pesar na voz. - A menina sofrerá muito sem respostas ou pistas dos seus verdadeiros pais.
- Sofia estará protegida aqui. Me arrependerei se algo acontecesse com ela por minha culpa. No momento certo, ela saberá da verdade. - Concluir.
Coloquei Sofia sobre uma cesta de palha com sua manta e coloquei ao seu lado uma caixa de música, que havia pertencido á minha mãe, coloquei também um pequeno pedaço de papel dobrado revelando seu nome e data de nascimento para as freiras.
Aproveitei que á tempestade da madrugada havia amenizado e tive coragem o suficiente para sair do carro e levar numa das mãos a cesta de palha que contém minha filha, minha Sofia.
Quando cheguei ao portão do orfanato minhas pernas vacilaram, quis desistir, mas como poderia protege-la do ranco e ódio da Cassandra ?.
Coloquei a cesta de palha que contém Sofia sobre o chão, e me ajoelhei em seguida.
- O amor exige sacrifícios minha pequena. Espero que algum dia posso perdoar o papai. Eu te amo, e nunca vou esquecê-la, minha Sofia.- Confessei em meio as lágrimas.
Olhei para Sofia que dormia tranquila e depositei um beijo em seus poucos fios loiros. Havia me levantado e crie coragem o suficiente para aperta a campainha.
Notei que seus bracinhos se mexiam de maneira desesperada, como se soubesse que teria que abandona-la. Seus olhinhos verdes foram abertos de maneira quase mecânica, enquanto ouvia seu pequeno choro agudo.
O pequeno pedaço de papel encontrava-se sobre sua manta e o notei abrindo-se conforme as rajadas de vento que foram surgindo.
Percebi que alguém se aproximava lentamente, aproveitei a oportunidade e olhei novamente para minha filha, dessa vez de uma maneira definitiva.
Corri para o carro, abrir a porta e sentei no banco do carona, Alfredo me olhava de forma incrédula e perturbandora.
Observei quando uma das freiras abriu o portão e pegou a pequena cesta de palha com a minha filha enrolada na manta.
A freira sorriu e a retirou do cesto de palha, a colocando em seu colo. Em seguida ela leu o pequeno pedaço de papel contendo as informações da minha filha.
- Sofia Angelis....
Ouvir como num sussurro o nome da minha filha sendo balbuciando pela freira, antes da mesma entrar e fechar o portão do orfanato.
- Adeus....Minha pequena, Sofia. - Disse baixinho deixando as lágrimas de arrependimento e a culpa dominar minha alma. Nunca mais seria o mesmo homem dali em diante.
Alfredo em contra partida, se manteve calado, compadecendo da minha dor, e ligou o carro dando partida e seguindo para longe do lugar que abandonei a minha Sofia, e principalmente, minha própria alma.