Meu chefe Submisso

Finalmente, Apolo assumia os negócios da família. Era o seu sonho desde sempre, e sentar-se na cadeira da presidência lhe dava uma sensação de grandeza, orgulho e nobreza. Ele se sentia realizado por ser o dono de tudo naquele lugar.

Seu pai foi o responsável por levar a editora ao topo do mundo, e cabia a ele manter esse legado. Ele estava determinado a superar o homem que lhe ensinou tudo o que sabia, e fazer com que ele se orgulhasse de quem cuidaria de seus negócios no futuro.

Apolo havia voltado da Itália há menos de seis meses, e para sua surpresa, o pai logo lhe deu um ultimato: ele teria que abandonar as suas noitadas e se dedicar à empresa. Apolo não hesitou em aceitar, pois era o que ele mais queria desde que aprendeu a falar e a dizer não. E agora, ele estava lá, finalmente ocupando aquela cadeira aveludada e imponente, com a sua melhor postura de líder.

Quando a moça entrou na sala, viu uma figura desconhecida. Pensou que fosse o seu antigo chefe, mas ninguém havia avisado sobre a mudança. Apolo não facilitou as coisas, pois era muito reservado e andava pelos corredores da Garibaldi como se fosse invisível. Talvez por isso, todos o achassem tão sisudo, pois ele nunca mostrava outra emoção além de antipatia.

A secretária não estranhou ao ver o filho do chefe ali, pois estava acostumada a vê-lo visitar o pai quando voltava de alguma viagem. Era uma moça jovem e simpática.

— Bom dia, senhor Garibaldi — ela cumprimentou, com um sorriso amigável nos lábios. Apolo apenas acenou com a cabeça. — O senhor deseja alguma coisa?

— A lista de funcionários. Quero memorizar os nomes e os rostos de quem trabalha aqui — ele respondeu, sem rodeios. A secretária ficou perplexa, porém não se após.

— Em que área o senhor vai atuar, para que eu possa selecionar melhor os funcionários que vão trabalhar com o senhor? — ela perguntou, educadamente.

— Em todas. Eu sou o novo chefe — ele revelou, com um sorriso irônico. — Meu pai se aposentou e me passou o comando da editora.

— Mas… mas… — ela balbuciou, sem reação. Ela sentiu o rosto queimar de vergonha. Como ela não estava sabendo disso?

— Eu também fiquei surpreso — ele admitiu, com um sorriso sarcástico. — Mas meu pai é assim mesmo, impulsivo. Você deve conhecê-lo bem, já que trabalha para ele há anos.

— Tem razão, ele é — concordou a garota.

Apolo deixou a garota terminar de arrumar a papelada da sala e não trocou mais nenhuma palavra com ela. Quando ela acabou, ele a dispensou e viu, pelas portas de vidro, uma cena bem fofa. Um rapaz passou pela secretaria, olhou para ela com paixão e lhe deu um beijo rápido. Depois, ele seguiu para a sala do senhor Garibaldi, levando o café da manhã do chefe nas mãos.

O rapaz era desastrado e quase tropeçava nos próprios pés. A parte mais engraçada foi quando ele tentou abrir a porta com uma mão, equilibrando o café na outra. Por sorte, uma mão apareceu do nada e o ajudou. Eles sorriram um para o outro.

— Obrigada, Carmen — ele agradeceu à morena que ainda segurava a porta. Ela não disse nada, mas mostrou seus dentes brancos num sorriso. — Tem alguma carta para o senhor Garibaldi hoje?

Foi então que Apolo percebeu o uniforme azul da garota. A saia era um tanto curta e deixava a mostra parte da perna onde a meia branca e longa parava, a blusinha também branca com renda se colava ao seu corpo e deixava a cintura bem acentuada, enquanto a pequena jaqueta azul tentava esconder o charme dos seios fartos. Por fim ela também usava um cap azul no alto de sua cabeça com as letras "Post" escritas em linha branca. A garota era linda demais e naquela roupa ficava chamativa demais.

Apolo quis afastar um suposto pensamento para seu amigo não despertar e passou a observar o estagiário atrapalhado, mas a garota começou a falar com uma voz angelical de uma forma sedutora e estava ficando difícil de se segurar.

— Algumas cartas de recomendação da faculdade onde estudo, mas acho que devo entregar ao RH. — Garibaldi pensou um pouco e pigarreou, ele precisava ler as qualificações daquela beldade. Nunca a vira na empresa antes, então claramente era funcionária nova e o pai de Apolo não estava ali para o impedir de dormir uma ou duas funcionárias.

— Você é uma das alunas recomendadas? — o novo chefe perguntou, e ela o encarou, surpresa. Sua face ficou vermelha e ela assentiu timidamente, como se temesse a resposta.

— A Carmen é uma excelente funcionária, senhor — elogiou o rapaz, mas Apolo não se importou com isso. Ele examinou as mãos da garota, procurando por um anel, e não encontrou nada. Isso era bom, significava que ela logo seria sua. O estagiário continuou falando, e Apolo tentou prestar atenção nele de novo. — Ela é a melhor aluna da faculdade e merece ser publicada. Ela tem um livro independente na internet que é ótimo e está fazendo sucesso.

— Você gostou? — ela perguntou, animada, e o rapaz confirmou, fazendo os olhos escuros da garota brilharem. Eles trocaram olhares cúmplices, e depois olharam para Apolo, esperançosos. Ele bufou e esticou o braço, pedindo os formulários. Carmen se aproximou, feliz.

Garibaldi roçou a mão da garota ao receber o papel e inalou o seu perfume doce. Ela logo se afastou, e o estagiário colocou o café na mesa e foi atrás dela.

Apolo viu a garota se distanciar. Ela era extremamente simpática, sempre parando para saudar ou conversar com as pessoas. Ele, por outro lado, era frio e reservado, quase nunca dando chance para alguém se aproximar.

Ela era tão bela quanto simpática. Seus olhos castanhos eram irresistíveis e seus cabelos longos e ondulados tinham reflexos loiros que realçavam seu brilho e sua sensualidade.

Apolo decidiu que acabara de encontrar sua primeira presa.