- Sente-se! - Ele ordena com a frieza de sempre, porém, lhe obedeço e espero que ele continue. - O que é isso, Vladmir? - Papai joga o jornal na minha direção e ele se abre na manchete que eu bem conheço. Não o respondo, apenas trinco o maxilar pois sei que ataquei os seus queridinhos. - O que pensa que está fazendo, filho?
- Não é óbvio, papai?
- Você vai parar com isso agora, ou eu...
- Ou eu o que, papai? - Pela primeira vez altero a minha voz para ele. - Eu estou cansado de ser comparado com esses gêmeos. Não existe nada que eu faça que o agrade. - Rio debochado. - Pelo menos consegui chamar a sua atenção para mim, não é? Pela primeira vez na sua vida está olhando nos meus olhos.
- Ora, seu moleque...
- Está me vendo, papai, pois é, mas eu sempre estive aqui.
A campainha da casa começa a tocar, no entanto, estamos nos encarando com dureza. Contudo, uma batida na porta o fazer desviar os seus olhos dos meus.
- Senhor Mazza, eles chegaram. - A empregada avisa.
- Eles quem? - Procuro saber.
- Venha comigo. - Ele ordena se levantando da sua cadeira e curioso, o sigo para fora do escritório. Meu sangue gela quando vejo os gêmeos em pé no meio da ampla sala de visitas.
- Por que eles estão aqui? - inquiro rudemente.
- Sejam bem-vindos, meus filhos! - Meu pai diz ignorando completamente a minha pergunta e vê-lo abraçá-los com tamanha alegria me causa uma dor imensurável. - Por favor, me acompanhem! - Ele pede e todos vamos para a sala de jantar.
Uma mesa apresentável e muito bem servida entra no meu campo de visão, porém, sinto o amargor no meu paladar.
- Por que estamos aqui? - Athos Mazza inquire sério, mas o tom cordial do meu pai surge mostrando-lhes um lugar para se sentarem.
- Sentem-se, precisamos conversar!
- Eu não vou me sentar à mesa com eles! - ralho impertinente.
Sei que pareço um garoto rico mimado, mas estou bem longe dessa realidade. Eu fui alimentado pelo ódio e pelo rancor a minha vida toda. Fui desprezado pelo meu pai no dia do meu nascimento e cresci vendo o quanto ele os venerava. Tudo que eles faziam sempre foi bem-visto aos seus olhos, até mesmo maldito acidente causado pelo Athos. Sim, o acidente que ceifou a vida da única mulher que ele amou de verdade.
- Vladmir, não teste a minha paciência! - Desperto com a sua advertência irritante. - Nós vamos nos sentar e vamos conversar, ok? - Fazemos isso em silêncio, sempre nos encarando duramente até que Vidal começa a falar. - Precisamos acabar com essa rivalidade sem sentido entre vocês. Vocês são irmãos e precisam aceitar isso.
- Acontece que o seu filho é quem está causando tudo isso e não nós. - Athos ataca primeiro.
- Vocês não têm o direito de usar o meu sobrenome. Ele não os pertence! - rosno enfurecido. Entretanto, o meu pai bate forte no tampo da mesa, fazendo a louça em cima dela reclamarem.
- Vladmir eu o proíbo de se aproximar do Athos e do Artêmis com quaisquer propósitos de destruição e quanto a você, Athos, eu retirei a queixa de agressão que foi lhe foi atribuída.
- Você fez o que? - inquiro aturdido. - Quando fez isso?
- Eu fiz e está feito, Vladmir!
- Eu não quero saber o que se passa entre você e esse seu filho inconsequente. Se ele ousar chegar perto da minha família outra vez, pode ter certeza de que não hesitarei em atingi-lo! - Encaro firmemente o Athos, fechando as minhas mãos em punho. - Eu nunca precisei de você para nada, Vidal e não vai ser agora que vamos precisar. Fiquem longe de mim! Fiquem longe do meu irmão e principalmente da minha família!
Rio. Pelo menos esse imbecil tem bom senso, mas não pensem que será tão fácil assim.
- Athos? - Vidal tenta falar. No entanto, ele ergue um dedo em riste.
- Eu também quero que retrate todas as acusações contra a minha empresa. E quero que faça um pedido de desculpas em público, quero que limpem o meu nome, entendeu?!
Mas que porra ele está dizendo?
- Essa empresa nunca foi sua de verdade! - O ataco com um berro, ficando de pé para olhá-lo de igual para igual.
- ELA É MINHA! - O infeliz esmurra a mesa após soltar o seu rugido.
- Ela foi construída com o dinheiro do meu pai! - esbravejo na mesma altura, batendo forte contra o meu peito.
- Esse dinheiro pertence a mim e ao meu irmão, ele faz parte da nossa herança!
- Eu vou destruí-los, está me ouvindo?!
- PAREM COM ISSO VOCÊS DOIS! - Vidal irrompe furioso.
- Escute bem, meu pai, se eu não os destruir financeiramente, pode ter certeza de que farei isso de outra maneira. Eu os odeio e isso é um fato! - Deixo bem claro.
- Está avisado, se ousar tocar na minha família, eu irei tocar na sua! -Artêmis rebate furioso. - Se me ferir de alguma forma, eu arrancarei esse seu coração cheio de trevas de dentro do seu peito. Não me subestime, Vladmir porque essa cadeira não vai me impedir de matá-lo!
Rio bem na sua cara.
- Fique à vontade para tentar, irmãozinho! - Ele ruge com a minha arrogância e sai.
Eu só preciso de uma vítima. Aquela com quem um deles se importe muito. Deus sabe que a farei gritar de dor e me alimentarei de todo o desespero das suas lágrimas. Penso quando o vejo se afastar e logo em seguida eles saem da minha casa.
- Eu o proíbo, Vladmir, entendeu?! Eu o proíbo! - Meu pai grita, porém, lhe dou as costas e saio de casa também