Madeleine, ou Maddy, como a senhora gostava que a chamassem, conheceu as duas em uma visita a uma loja no shopping no qual as amigas trabalhavam, e bastou um convite para mudar suas vidas. Isa e Carol foram convidadas para trabalhar na boate La Mour, onde as meninas mais lindas e educadas atendiam.
- Isa, você vai sozinha. Eu avisei a Maddy que não tenho condições de trabalhar. Ela me pediu para ficar em casa e você pode ir.
Isa foi até a amiga e notou que ela estava febril, foi até a cozinha e encheu a jarra com água, pegou os comprimidos para resfriado e levou para Carolina.
- Carol, tome esse remédio, descanse, daqui a pouco vou pedir para dona Rosa trazer algo para você comer - Rosa era uma senhora aposentada que morava sozinha no apartamento ao lado das jovens.
- Tudo bem amiga. Espero que essa noite você atenda um cliente especial, e quem sabe não encontre seu príncipe executivo.
- Garota, a febre está afetando sua mente. Vai descansar que vou tentar não chegar de madrugada.
Isa pegou sua pequena maleta com as roupas da noite e foi esperar Luiz, o Uber amigo das jovens.
***
Felipe ouvia o amigo Eduardo contando sobre seu último investimento, onde havia comprado uma empresa falida que recuperaria em breve. Felipe e Eduardo eram amigos de infância, criados juntos desde o berço, e filhos das melhores amigas Helena e Ana.
- O que acha de irmos até um bom lugar para relaxar?
Eduardo era solteiro convicto e não pensava em casamento, enquanto Felipe, aos 30 anos, continuava procurando alguém para amar.
- Que lugar? - Felipe pegou as chaves do carro e conferiu o visual pela última vez em seu apartamento.
- Um lugar para relaxar, que você já conhece, aonde vamos nos divertir por um tempo.
***
Madeleine e Isadora conversavam sobre Carol, a dona da boate brigava com Isa por não ter levado a amiga à emergência. Madeleine era uma senhora de 50 anos, francesa, que veio para o Brasil aos 20 anos depois de perder tudo na França e acabou caindo no mundo não glamuroso da prostituição. Mas por azar, ou quem sabe sorte, conheceu um homem que a tirou desse mundo e 10 anos depois, viúva e rica, acabou voltando às origens. A ex-prostituta, como ela mesma se intitulava, era diferente de todas as cafetinas. Ela tratava as garotas bem, se elas quisessem fazer programa tudo bem, se quisessem apenas dançar, tudo bem também.
A boate era frequentada por homens e mulheres da alta sociedade. As ricas lésbicas não se misturavam aos homens no salão e eram atendidas pelas garotas em uma parte separada.
- Maddy, vou para o salão e pretendo atender no máximo 3 clientes. Combinei com seu Luiz de me buscar antes das 3 da manhã. Dona Rosa já levou a janta da Carol e ela está dormindo.
- Tudo bem filha, espero que fature bem hoje e não conte para ninguém, mas o lucro de hoje será apenas seu. Falei com sua mãe na semana passada, e ela me perguntou como você estava no hotel.
Para a família de Isa, a jovem era recepcionista em um hotel de luxo, já que os pais e a irmã caçula moravam no interior de Goiás e a jovem, em poucos meses, conseguiu juntar um bom dinheiro e, com ajuda de Maddy, comprou a casa sem que os pais soubessem que ela era a dona.
Isa se olhou no espelho do escritório e gostou do que viu. Usava naquela noite um vestido curto de alças quase transparente, que deixava os seios fartos praticamente expostos. O cabelo cor de avelã caía em cascata sob as costas nuas e a maquiagem não exagerada dava um ar inocente, mas, ao mesmo tempo, sensual.
Deu um beijo na chefe e amiga e seguiu para o salão.
***
Felipe e Eduardo estavam naquele lugar há quase meia hora e o empresário já queria ir embora. Nenhuma das garotas disponíveis ali o interessou e até mesmo Eduardo estava desanimado.
- Acho que a noite de hoje não vai ser muito animada - Eduardo falou sem notar o amigo hipnotizado pela jovem de vestido preto e cabelos cacheados cor de avelã que caminhava em direção ao bar.
- Eduardo, se você quiser ir, chama o Ernesto para te buscar. Eu vou ficar aqui mais um pouco.
O empresário foi até Carlos, o homem que gerenciava o salão, e falou algo. O gerente fez sinal para ele ir até um dos quartos exclusivos que ele avisaria a garota.
**
Isa pediu um suco de laranja, mas nem teve tempo de finalizar o pedido ao notar Carlos se aproximando dela.
- Pequena, temos um cliente, e esse é um dos que vem pouco aqui, mas quando vem, abre a mão para as meninas. Mostre o seu melhor que ele vai te recompensar -Carlos deu um tapa no traseiro da jovem, que deu um beijo no velho senhor e respondeu que tentaria o seu melhor naquela noite.
Encaminhou-se até o quarto onde atendia os clientes. Ao entrar, viu um homem de quase 1,90m de costas para a janela olhando a paisagem lá fora. Com cabelos castanhos claros e postura altiva. Usava camisa branca e calça social preta.
- Boa noite! - Isa falou ao trancar a porta do quarto e verificar se todos os itens que ela usava estavam na gaveta. Conferiu os preservativos, lubrificantes e alguns brinquedos que alguns clientes gostavam de usar para apimentar durante o sexo, brinquedos sexuais deixavam a maioria dos clientes mais excitados com a ânsia de inovar e deixar a perversão da mente deles correr a solta.
O cliente se virou e Isa viu o quanto ele era mais bonito de frente e, ao olhar para ela, um sorriso apareceu nos lábios dele. Essa era a reação da maioria dos clientes ao olhar para ela e para seu corpo, como se Isa fosse a própria encarnação da Deusa do Sexo.