As meninas se entreolharam confusas e as seguiram de imediato. Elas sabiam que, não tinham o direito de recusar a ordem, pois precisavam muito daquele emprego.
O homem, então, as olhou enfurecido e logo deu sua ordem.
- Kate, você está responsável pela área da piscina. Consuelo, você cuidará dos corredores e lembre-se, nada pode estar sujo. Já você Cecília, o quarto principal é seu.
- Por que ela? – Cogitou Kate, torcendo os lábios.
- Porque, se você tivesse feito o seu trabalho direito, eu não teria que estar trocando toda equipe nesse momento. Por favor, apressem-se, uma celebridade está hospedada lá! – Respondeu Arnold, saindo em seguida.
As três meninas, entraram juntas no elevador indo até o último andar. Assim que as portas metálicas se abriram, Cecília saiu, sem olhar para trás.
Ela estava com pressa para cumprir sua obrigação e voltar logo para casa, para descansar. Já faziam mais de doze horas que ela estava trabalhando direto.
Cecília, passou o cartão de acesso na porta e entrou, se assustando com tamanha bagunça que encontrou na suíte. Haviam roupas jogadas pelo chão, garrafas de bebidas em cima da mesa, junto a restos de comidas e até mesmo sujeiras no carpete.
- Que sujeira! – Resmungou ela, respirando fundo pela exaustão.
Em seguida, Cecília foi direto para as portas de vidro da varanda, as abrindo para que o lugar ventilasse.
Ela se sentiu enojada pelo mau cheiro e desrespeito; como os ricos poderiam fingir ser educados perante as televisões, quando, na verdade, eles eram piores que porcos?
Esse era o pensamento de Cecília.
A garota, colocou seu par de luvas de borracha e abriu os sacos de lixo, limpando tudo o que havia de sujo no lugar. Ela já era acostumada com aquele tipo de trabalho, foi o que ela conseguiu depois da morte de sua avó e se dedicava a ele.
Cecília sempre sonhou em ter boas condições, para dar uma vida melhor para sua avó, por isso ela fazia o seu melhor em tudo o que conseguia. Pena que, a mais velha partiu antes da hora, também como os pais da garota.
Cecília olhou incrédula para aquela desordem e recolheu as roupas do chão, as dobrando e colocando em cima da cama. A hóspede daquele quarto não estava lá e provavelmente, voltaria em breve.
Ela, então, colocou seus fones de ouvido e começou a ouvir uma música animada, enquanto continuava com o trabalho.
Em menos de uma hora, Cecília já havia limpado os carpetes, as janelas, trocado os forros da cama, deixando apenas o banheiro para o final.
Cecília havia reparado que, os produtos de limpeza que ela havia levado já haviam acabado. Ela, então, decidiu sair para buscar mais, voltando em seguida e dessa vez com o carrinho de limpeza.
Assim que ela destravou a porta e entrou, alguém já estava a esperando.
- Senhora, me desculpa! – Disse Cecília, abaixando a cabeça.
Ela mal conseguiu ver o semblante da pessoa a sua frente, mas já tinha ouvido falar de que, se tratava de uma atriz italiana.
- É você! – Disse a mulher, com um tom esperançoso.
Quando Cecília ouviu o timbre de voz daquela mulher, levantou o rosto espantada. A impressão que ela teve, era que o eco de sua própria voz tivesse a atingido.
Ambas se olharam e se surpreenderam com o que viam. Era como se, elas estivessem em frente a um espelho vendo o próprio reflexo.
Elas eram idênticas, com diferença apenas, no tom do cabelo.
Cecília era magra e mediana; o corpo dela, era composto por curvas naturais e sob medida para a sua altura.
Já a mulher em sua frente, era na mesma altura, mas estava de saltos altos. Os cabelos dela eram laranja com lindas ondas e fios brilhantes. Também era nítido alguns pontos com silicones no corpo.
A vaidade estava estampada em cada pedaço do corpo da ruiva, enquanto Cecília, era percebível a sua humildade financeira.
- Eu estava te procurando! – Disse a ruiva, sorrindo.
Ela estendeu a mão e tentou quebrar o gelo, deixando um total espanto na mulher em sua frente.
- Sou Fiorella Scopelli e somos sósias. – Disse a ruiva, com um bom humor.
Cecília hesitou em tocar na mão da mulher a sua frente e então, deu alguns passos para trás.
A ruiva sorriu fraca e abaixou a mão, acompanhando Cecília com os olhos.
- Não se assuste, não somos uma pessoa estranha e eu estou aqui, para te fazer uma proposta. Uma na qual, vai mudar a sua vida! – Disse a ruiva, sorrindo animada.
- Senhora, me desculpa, mas eu estou aqui a trabalho. Eu não quero problemas! – Respondeu Cecília, se afastando.
Ela se abaixou para pegar os sacos de lixo e ao caminhar em direção à porta, Fiorella foi até lá e se encostou na mesma, impedindo que a loira saísse.
- Por favor, Cecília. Não teremos problemas se cooperar comigo! Ao menos escute o que tenho a dizer e eu te juro que, não que será para o seu bem. – Disse ela, de forma insistente.
- Senhorita Scopelli, eu realmente preciso terminar o meu trabalho logo. Eu não sei que loucura está acontecendo, mas não tenho tempo para isso. – Disse Cecília, fazendo menção de andar, mas Fiorella impediu novamente que a loira saísse.
- Por favor, eu não estou brincando e preciso que me ouça! – Disse a ruiva, vendo Cecília largar os sacos no chão e cruzar os braços para a encarar.
- Certo, você tem exatamente cinco minutos. Não me leve a mal, mas eu realmente preciso bater o meu horário.
- Tudo bem! – Respondeu Fiorella, concordando. - Serei breve, então. Eu te pago um milhão de dólares, para trocar de lugar comigo! – Disse a ruiva, fazendo Cecília rir.
A loira, passou os olhos em volta confirmando não haver câmeras no lugar e depois, encarou sua sósia, arqueando uma sobrancelha.
- Isso é algum show interativo? Alguma pegadinha? Por acaso, a senhora está fazendo algum filme desse tipo? Eu estou fora, isso nunca acaba bem. - Respondeu Cecília, voltando a pegar os lixos, mas Fiorella persistiu.
- Dois milhões e não se fale mais nisso! Eu pago, eu realmente irei te pagar. Só preciso que fique no meu lugar passando-se por mim durante um ano, tendo uma vida boa até lá. – Disse Fiorella, mostrando sua feição de desespero.
Ela respirou fundo e de forma desanimada, continuando a falar.
- Eu sei que você está devendo, sei tudo sobre você. Agiotas estão para vir até você e eles realmente podem ser perigosos. Aceite a minha proposta e vá para longe daqui ter uma vida boa em meu lugar! – Disse a ruiva, de forma convincente.
- O que eu terei que fazer? Somente embarcar? – Perguntou Cecília de forma confusa, a vendo confirmar.
- Você embarcará no meu lugar e quando chegar na Itália, a minha notícia sobre o rompimento do contrato já terá se espalhado. Minha família irá te buscar, para te manter em segurança e com isso, você não precisará mais se reocupar, pois terá de tudo.
- Eu vou pensar! – Respondeu Cecília, hesitante. Fiorella então, suspirou e desencostou da porta, olhando para Cecília com compaixão.
- Não pens demais! Aceite esse dinheiro e pague a dívida da sua família. Vá para outro lugar e comece de novo. Depois de um ano, você conseguirá o suficiente para voltar e ser dona de um ótimo negócio, eu te garanto!
- Como sabe da minha vida? Como chegou até mim? – Perguntou Cecília, confusa por estar diante de uma pessoa, que dizia conseguir mudar a vida dela.
Mas Cecília se perguntou, será que aquela mulher estava blefando?
- Isso não é importante. Do mesmo jeito que cheguei até você, outros podem fazer o mesmo. Aceite essa chance e suma. Enquanto você viver a sua vida de forma tranquila, irei cuidar do resto, mas para isso, somente você poderá me ajudar. – Disse Fiorella, percebendo faltar pouco para convencer a mulher em sua frente.
Cecília suspirou mostrando o seu cansaço e olhou para sua sósia, diretamente. Ela analisou bem aquelas palavras, pensando por si que, àquela talvez poderia ser a melhor oportunidade de sua vida.
- Eu irei pensar! – Respondeu Cecília, vendo o sorriso de Fiorella. A ruiva teve um bom pressentimento e por isso, foi inevitável esconder a satisfação da conquista.