Tentação Proibida é uma história de amor e redenção, de universos distantes que se aproximam e se fundem numa paixão avassaladora. Seu amor é proibido, mas não pode ser ignorado. Katherine Lane nasceu em berço de ouro. Filha e neta de senadores, a bela ruiva de olhos verdes e curvas perfeitas se formou em Literatura e surpreendeu a todos ao decidir dar aulas em uma penitenciária. Mas quando Carter, um detento inteligente e perigosamente sexy, desperta ao mesmo tempo a raiva e o desejo de Kat, ela é forçada a admitir para si mesma que a decisão de lhe dar aulas particulares pode ter sido motivada não pela generosidade, mas sim pela crescente atração entre os dois.
“A libra de carne que ora exijo
foi comprada muito caro; pertence a mim, e hei de tê-la.”
O mercador de Veneza, ato 4, cena 1
O som apressado dos pés deles na calçada correspondia às batidas frenéticas
do coração dela, e o modo como o pai segurava apertado sua mão era quase
doloroso. Suas pernas curtas, de uma menina de 9 anos, tinham dificuldade em
acompanhar os passos dele, fazendo-a tropeçar e quase correr para manter o
ritmo. O maxilar dele estava contraído como ela nunca vira e seus olhos, em
geral tão radiantes e despreocupados, se encontravam tão escuros e raivosos
quanto o céu acima deles. Ela sentiu vontade de chorar.
Um barulho atrás deles a fez se virar. De um beco saíram cinco homens
encapuzados que, apesar de manterem a cabeça abaixada, acompanhavam as
passadas velozes de seu pai, perseguindo-os como animais selvagens.
O pai talvez tenha dito palavras reconfortantes para aliviar o pânico que
arrepiava seu pescoço, mas o medo logo se justificou quando ambos foram
cercados e algo duro atingiu e derrubou seu pai, levando-a junto com ele.
Desorientada, com os joelhos ardendo por terem raspado no concreto da
calçada, ela olhou para cima e gritou quando um bastão de beisebol atingiu as
costas do pai duas vezes, com um som assustador.
Ela não viu de onde veio a mão que bateu com força em seu rosto, fazendo-a
rolar em direção à rua e ficar totalmente atordoada enquanto ouvia o berro
furioso do pai ressoar em seus ouvidos. Ele se pôs de pé, cambaleante, e se atirou
sobre os agressores. Ela observou horrorizada a chuva de socos, pontapés e
pauladas que ele levou em retaliação.
Em meio às agressões que sofria e aos berros para que entregasse a carteira,
o pai gritou que ela corresse. Implorou que se afastasse, mas ela ficou ali,
congelada. Como ele podia pedir que ela fosse embora? Tinha que ajudá-lo,
salvá-lo! Lágrimas escorriam por seu rosto e um choro descontrolado explodiu
de sua garganta.
Ele gemeu em agonia quando outro punho acertou sua cabeça e seus joelhos
se dobraram, atingindo o chão enquanto ela caminhava na direção dele. E, antes
que o alcançasse, seu braço foi inesperadamente puxado na direção oposta. Ela
choramingou aliviada, esperando ver um policial ou algum segurança do pai –
mas era alguém não muito maior que ela, usando um capuz preto e sujo.
Quando ele começou a arrastá-la para longe dali, ela se debateu e gritou para
que a soltasse. Será que ele não percebia que o pai precisava dela, que com
certeza iria morrer sem sua ajuda? Mas o estranho continuou em frente,
puxando-a rua abaixo até a porta de um edifício abandonado, a duas quadras de
onde o som pavoroso de um tiro tomou conta do ar.
Ela gritou pelo pai e, livrando-se da mão de seu salvador com um empurrão
forte, saiu correndo em direção ao local do ataque. Não tinha ido muito longe
quando foi dominada por mãos fortes que a imobilizaram no chão. Ela continuou
berrando, lutando com todas as forças que tinha, mas logo seu corpo ficou
exausto e seus lamentos e gritos se tornaram soluços desolados, murmurados no
chão frio sob sua testa.
O peso em cima dela desapareceu e duas mãos a levantaram, reconduzindoa ao edifício abandonado. Ela se apoiou em quem a salvara e chorou de dor em
seu capuz sujo. Precisava retornar para seu pai. Precisava ver que ele estava
bem. Ele tinha que estar bem. Um braço em torno de seu ombro e uma mão
gelada em sua bochecha a abalaram, e ela murchou ainda mais nos braços de
seu salvador desconhecido.
Ela deve ter permanecido daquele jeito por horas; talvez tenha até pegado no
sono. A próxima coisa de que tinha consciência era de ser carregada por um
homem barbudo em direção a uma ambulância. Ela abriu os olhos inchados pelo
choro e viu policiais e paramédicos rodeados por um mar de luzes vermelhas e
azuis piscantes.
Suas expressões, que a assombrariam pelo resto da vida, lhe diziam
inequivocamente que o pai não a colocaria para dormir naquela noite.
Nem em nenhuma outra.