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Between love and hate

Between love and hate

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Sinopse

Índice

Entre os corredores sombrios da máfia, em que a lealdade é forjada no fogo e segredos são a moeda de troca, nasce um romance que desafia o destino e transcende as expectativas. Mia foi prometida em casamento ao Dominic desde que era apenas uma jovem, uma união que deveria selar alianças e garantir o poder às duas máfias. Ela é uma alma rebelde, treinada nas sombras para ser forte, contrastando com a imagem de fragilidade que muitos esperam. Por trás de sua fachada de futura esposa obediente, ela esconde anseios que a levam a questionar seu papel em um mundo dominado por intrigas e poder. Dominic Walsh, o líder inflexível da Blood Skull, foi treinado e moldado para liderar. A violência é um eco constante e o treinamento para liderar, uma herança entrelaçada em sua própria essência. Sua família é sua âncora em meio ao caos, uma fortaleza erguida para mantê-lo. Mas quando se trata de Mia, sua agora noiva, o controle escapa por entre seus dedos. No entanto, o que começa como um relacionamento carregado de ressentimento, logo se transforma em um sentimento intenso que nenhum deles consegue controlar. À medida que a atração entre os dois se intensifica, Mia e Dominic enfrentam um dilema: seguir os caminhos pré-determinados para o bem das máfias e daqueles que amam, ou seguir seus corações e lutar contra as expectativas impostas a eles. Em meio às revelações e segredos, o sentimento entre Dominic e Mia será forte o suficiente para romper as amarras do destino e construir um futuro próprio?

Capítulo 1 Mia Coleman

Olhei para o meu reflexo no espelho e respirei fundo enquanto

passava a mão pelo meu vestido, observando como aquele modelo favorecia

cada curva do meu corpo. Era um vestido elegante e sexy, e segundo minha

mãe, a escolha perfeita para a ocasião. O objetivo era impressionar meu

futuro noivo com uma presença marcante e sofisticada, enquanto eu deixaria

um toque sutil de sedução no ar.

A peça foi confeccionada com um tecido de alta qualidade, uma cor

de tom profundo de vinho. O decote era levemente em forma de V,

destacando minha clavícula e colo, enquanto as alças finas conferiam um

toque delicado aos ombros. O vestido abraçava elegantemente minha

silhueta, delineando todas as minhas curvas.

A parte superior da peça possuía um caimento justo até a cintura, que

estava marcada por um cinto fino, decorado com detalhes elegantes, e uma

fenda sensual que revelava parte da minha perna a cada passo. Detalhes

delicados de renda preta contornavam as bordas do decote, das alças e da

fenda, criando um intrigante contraste com a cor vinho; além de ter sido

estrategicamente colocada em algumas áreas da saia, sugerindo transparência

e aumentando a sensualidade da peça. Nos pés, usava sandálias pretas de

salto, adornadas com pequenos cristais de Swarovski no tornozelo.

Por último, mas não menos importante, olhei para o meu rosto, onde

uma maquiagem suave cobria minha pele, destacando o batom em um tom

muito semelhante ao do vestido. A imagem que via no espelho era a de uma

mulher bonita, vestindo roupas elegantes com o objetivo de impressionar um

homem.

Meu futuro noivo.

O líder da Blood Skull.

Ouvi duas batidas na porta e vi minha mãe entrar, olhando-me de

cima a baixo, como se estivesse avaliando uma mercadoria. Ela se aproximou

e parou atrás de mim.

Éramos muito parecidas, mas nossa semelhança se limitava à

aparência física. Alejandra é natural da Turquia, filha dos poderosos donos de

um cartel do país, se casou através de um arranjo vantajoso com meu pai e

parecia satisfeita com sua vida. Não tive muito contato com meus avós, pais

dela, então não posso presumir muito sobre a criação que teve. No entanto,

sua falta de interesse em comparecer ao funeral deles me deu algumas pistas.

Minha mãe sempre foi fria e impessoal, pelo menos comigo. Ela

costumava ser diferente com Genevieve, minha irmã mais velha, e quando ela

se foi... tudo ficou ainda pior para mim.

Genevieve era a filha perfeita, que aceitava e seguia todas as ordens,

era extremamente feminina e dedicada a ser a esposa ideal para um líder. Ela

era pacífica, obediente, submissa, e a prometida do homem com quem ficaria

noiva naquela noite.

Ela era tudo o que eu não sou.

Tudo mudou quando eu tinha apenas seis anos, em uma semana

Genevieve estava noiva, e em menos de um mês foi expulsa da famiglia por

trair o futuro marido com um dos membros do cartel. Foi quando soube que

as coisas mudariam e que eu teria uma criação ainda mais diferente. Eu iria

assumir o lugar dela, cumpriria o dever e honraria a promessa do meu pai.

Com seis anos, soube que teria um casamento arranjado, esse seria meu papel

como mulher da famiglia.

— O vestido ficou perfeito — disse, tocando minha cintura. — Eu

disse que emagrecer uns três quilos faria diferença. — Mantive minha

respiração controlada enquanto ela falava para que não percebesse que menti.

A verdade era que não tinha emagrecido, estava cursando medicina há

seis meses em período integral, o que me custava uma rotina puxada, já que

continuava treinando todas as noites. Não podia parar, precisava estar

preparada para o casamento, sabendo me defender de uma possível agressão.

— Obrigada. — Agradeci com um tom de voz sereno, mesmo

desejando gritar e expressar o quanto me sentia usada e como uma impostora,

vivendo para ser o que minha irmã não foi, para viver a vida que deveria ser

dela, não minha.

Olhei seu rosto pelo reflexo do espelho.

Uma impostora.

Uma farsante.

Senti-me como se estivesse preenchendo o vazio que Genevieve

deixou.

Dio mio, iria transar com o homem que deveria ser dela!

— Todos estão esperando por você, então desça e honre o nome de

nossa famiglia. Entendeu, Mia?

— Si, mamma — respondi e ela acenou em concordância, sorrindo

levemente ao abrir a porta do quarto e estendendo a mão para que eu passasse

na frente.

Alejandra não costumava usar palavras em italiano, a língua nativa do

meu pai, no entanto, ela fez questão de que seus filhos usassem a língua para

manter a tradição da famiglia. Catarina, que todos chamavam Nanna, minha

irmã, tinha apenas um ano e já estava tendo aulas de iniciação no idioma.

Contive um suspiro ao sentir meu peito apertar quando me lembrei da

minha irmã, ela não tinha contato com outras crianças e vivia isolada. Sentiame profundamente culpada por não ter dado a devida atenção a ela nos

últimos meses, em função do caos em minha vida. Porém, pelo menos todas

as noites dormíamos juntas, e Luigi e Alejandra não interferiam nisso. Acho

que, no fundo, eles entendiam o tipo de pais que são e permitiam que nós

duas encontrássemos amor uma na outra.

Quando Luigi disse que eu só poderia estudar se fosse perto de casa,

nem tentei contestar, pois não queria ficar longe de Nanna. Isso pode parecer

um ato nobre da minha parte, mas a verdade é que eu precisava dela tanto

quanto ela precisava de mim, já que passava o dia com babás e não recebia o

amor materno que merecia.

À medida que nos aproximávamos das escadas, respirei

profundamente para me acalmar.

— Mantenha a postura, Mia — Alejandra me repreendeu.

Ergui o queixo, forçando uma expressão serena quando cheguei ao

topo das escadas. Ignorei o fato de que praticamente todos interromperam

suas conversas para me olhar. Procurei meu futuro noivo com os olhos e o

encontrei ao lado de Luigi.

Seus olhos estavam fixos em mim, afiados como os de uma águia.

Devolvi seu olhar e, com muito cuidado, comecei a descer os degraus,

permitindo que a fenda do vestido revelasse parte da minha coxa a cada

passo.

Dominic Walsh era alto e robusto, emanando uma aura de confiança

em todo o ambiente, seus cabelos loiros brilhavam, contrastando com a pele

levemente bronzeada. Seus olhos transmitiam determinação e certo mistério,

enquanto sua mandíbula forte e expressão segura o tornavam imponente

diante dos outros. Cada um de seus movimentos era seguro e firme; até

mesmo o simples ato de levar o copo de uísque à boca irradiava uma

sensação de controle sobre tudo ao seu redor. Além da sua postura ereta e

controlada, como se estivesse permanentemente preparado para agir.

Sua presença era magnética e inegavelmente atrativa.

Ela era um desgraçado, mas um desgraçado muito bonito, e isso não

era nada bom para mim. Eu era apenas uma jovem criada na máfia, que nunca

sequer conseguiu beijar na boca devido aos pais controladores ao extremo.

Não precisava que meu foco de sobrevivência mudasse para ficar babando

pelo idiota parado à minha frente.

— Figlia

[1] — Luigi disse, tocando meu cotovelo — Estávamos

esperando por você.

Sorri levemente, mas meus olhos permaneceram fixos nos de

Dominic. Os dele me avaliavam enquanto os meus o acusavam. Meu futuro

marido percebeu.

Ele percebeu que todo aquele espetáculo estava acontecendo contra a

minha vontade. O vi estreitando os olhos ligeiramente e o ar ao redor pareceu

ficar denso. Meu olhar era cortante, carregado de raiva e frustração.

— Domin...

— Saiam — o loiro disse, e tanto seu pai quanto o meu se

entreolharam, confusos. — Quero conversar com ela. Sozinho.

Talvez, naquele momento, ele tenha subido um pouco no meu

conceito, pois havia acabado de ordenar que dois chefes de famílias se

afastassem. Seu tom de voz deixou claro que não era um pedido, mas uma

imposição.

O boss da Blood Skull tocou o ombro de Luigi, fazendo alguma

brincadeira idiota sobre precisarmos de um minuto antes da troca de alianças

e isso fez meu estômago revirar em ânsia.

Eu sabia que deveria manter a pose diante daquele homem, que não só

iria liderar a máfia em que foi criado, mas também a minha famiglia.

Dominic Walsh tinha muito a ganhar com a união, pois se tornaria um dos

homens mais poderosos no submundo. No entanto, não consegui. Eu não iria

ser a mulher obediente que todos esperavam, e talvez fosse melhor ele

entender isso desde o início.

— Você é muito parecida com sua irmã — disse com certo desprezo

na voz, mas não foi o tom que me incomodou, mas sim a comparação.

Genevieve novamente.

O fantasma daquela mulher não me deixava em paz nem por um

minuto.

Suas sobrancelhas estavam franzidas e os lábios estavam firmemente

pressionados, revelando seu descontentamento. Enquanto os meus, refletiam

uma combinação de defensividade e irritação.

Não havia palavras, mas o peso do descontentamento mútuo era

claramente visível naquele encontro visual. Cada olhar parecia uma troca de

acusações silenciosa, carregada de ressentimento e tensão não resolvida,

embora nunca tenhamos trocado sequer uma palavra antes.

O loiro tinha seus motivos, e eu os meus, o que nos tornava mártires

um do outro.

O noivado era como um sacrifício para ambas as partes e nenhum de

nós fez questão de esconder isso, pelo menos não um do outro.

— A partir do momento em que eu colocar a aliança em seu dedo,

saiba que será constantemente vigiada. Esse noivado é importante para a

fachada das empresas da minha família e também da sua, então nem pense

em estragar tudo ou tentar me passar para trás, porque se o fizer, vou te caçar

e te matar.

— A partir do momento em que colocar a aliança no meu dedo, nunca

mais me compare à Genevieve. Mesmo que o fardo dela tenha sido passado

para mim, eu não sou ela. Um dia vou dormir ao seu lado, na sua cama, e será

fácil para mim, transformar sua vida em um inferno. Então, sugiro a levar a

sério esse aviso. Sem. Comparações.

Ele sorriu, em um leve repuxar de canto de lábios seguido por um

passo à frente.

— Está me ameaçando, amore mio? — murmurou baixo, se

inclinando, já que devia ter no mínimo 1,90 de altura. — Se acha que vai me

assustar com ameaças vazias, está muito enganada, eu gosto de tortura.

Daquela vez fui eu que dei um passo à frente, tocando seu ombro com

uma das minhas mãos, um gesto despretensioso para todos à nossa volta, mas

não para o homem à minha frente.

— Eu também, vita mia.

[2]Nesse momento, por exemplo, estou

pensando em como seria satisfatório jogar água fervente no seu ouvido e ver

você se debater de dor enquanto seus tímpanos queimam. Seus gritos se

tornariam a minha canção favorita.

— Você se acha tão esperta, porque certamente não me conhece.

— Você se acha tão superior, porque nunca teve alguém desafiador o

suficiente à sua altura.

Ele estreitou os olhos, pegando minha mão livre e levando-a aos

lábios, mantendo o teatro de casal perfeito. Ignorei o arrepio que sua boca

contra minha pele causou em meu corpo.

— Não teste minha paciência, garota insolente — murmurou

baixinho.

— Garota? Olhe para mim, Dominic. Eu sou a mulher mais desejada

desse salão, então é bom que você não me deixe descontente. Insolente não

está nem perto do que realmente posso ser.

— Desgraçada!

— Filho da puta!

— Querido? — A mãe de Dominic se colocou ao seu lado. — Deixeme cumprimentar a minha nora. Você está monopolizando sua noiva.

Daquela vez meu sorriso direcionado à senhora de cabelos loiros foi

sincero. Ao longo dos anos, Dora me fez várias visitas e era uma das únicas

pessoas em quem sentia sinceridade nesse mundo traiçoeiro em que vivemos.

— Você está linda, Mia — disse, me abraçando de forma tão genuína,

que me deixou desconfortável. Não estava acostumada a receber afeto, exceto

da Nanna, é claro. — Você é um homem de sorte, meu filho.

Ele me encarou, seus olhos penetrantes e frios, tão cortantes quanto

uma lâmina afiada.

— É — disse, sua voz soando como um trovão em meio a uma

tempestade. — Eu sou.

Então nossos pais se aproximaram. Permaneci ao lado de Dominic

como sua sombra.

— Feliz aniversário, amore mio!

Foi o que ele disse quando colocou no meu dedo um anel de brilhante

exageradamente grande. Depois disso, ele passou os braços pela minha

cintura, deixando claro para qualquer homem naquele salão que eu estava

fora dos limites.

Por pouco não perguntei se ele não preferia marcar seu território em

mim como um cachorro em um poste.

Acontece que sabia quais batalhas deveria lutar, e aquela ainda não

era uma delas.

Dominic Walsh podia ser o vencedor daquela noite, mas aquela

guerra estava apenas começando.

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