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Meu Ex Marido Famoso

Meu Ex Marido Famoso

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190 Capítulo
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Sinopse

Índice

O casamento entre Kath e Nick foi minando dia a dia pelos sentimentos de posse, desconfiança e todas as suas inseguranças femininas por todo o peso de ser casada com Nicholas Cassano. Kath é muito intensa, mas também é uma mulher comum, julgada por toda a sociedade pelos seguintes motivos: mãe divorciada do famoso Nick Cassano, empresária de um bistrô, e mulher. O peso de ser mulher já não é fácil, e ser casada ainda com um astro pop e depois ser traída por ele e divorciada dele, são rótulos ainda maiores. Depois que ele saiu pela porta de casa, Kath não imaginava que as coisas tomariam destinos tão controversos. Lidar com uma separação como aquela, com as suas inseguranças femininas e tentar se refazer não é fácil, principalmente quando se tem uma criança no meio. Mas, ela é uma mulher forte, muito mais decidida do que imaginava, e até se dar conta disso, terá pessoas especiais no seu caminho para mostrá-la. No fim, tudo ficará bem entre eles que irão descobrir novas formas de amar: amarem a si e à vida.

Capítulo 1 Lutando dia apos dia

Seis meses tinham se passado desde que ele saiu pela porta com sua mala, e não mais voltou. Três meses foi o tempo que levou para que Liz entendesse que o pai não voltaria para casa. Dois meses foi o que ele precisou para colocá-la em meu lugar.

Denise me telefonou várias vezes, embora a ideia do divórcio fosse contra seus princípios moralistas, ela tentou me apoiar e convencer a voltar atrás. Mas, não foi uma decisão minha. Foi um cansaço nosso. Foi o extremo de anos com o copo gotejando. Uma hora, não dá mais. E quando eu vi a foto de Priyanka deitada ao lado dele naquela cama, no que deveria ser uma viagem de negócios, eu estava exausta. Eu estava tão exausta de tudo!

Pode ser que Nicholas não me dera motivos. Pode ser que eu tenha exagerado nas 99 vezes que o acusei. Mas, naquela única fotografia havia toda a razão para eu surtar outras 99. Eu não havia de fato o acusado 99 vezes, mas... Foram muitas, declaradas. As acusações não declaradas, os surtos mentais que eu sofri em silêncio, estes se não chegaram a tal número foram até superiores.

Minha mãe passou um mês em minha casa. Eu não tinha forças para seguir em frente, nem mesmo por Liz, minha menininha de três anos. O divórcio é como um luto por alguém que se foi. Realmente, literalmente, é uma morte. Uma perda. O fim, onde só restarão as memórias. As minhas memórias com Nicholas haviam sido turbulentas.

Quando nos conhecemos e nos envolvemos, numa situação casual de dois estranhos se conhecendo, jamais pensei que chegaria onde estou. Eu, uma mulher simples. Apenas uma microempresária, cujo pequeno bistrô não chegara a três estrelas. Ele, um cantor internacional.

Eu estava há dois anos nos Estados Unidos com um negócio recém-aberto. Francesa e formada na Le Cordon Bleu, aventuras eram a meta que eu buscava. E não sei por que naquela época, eu julgava que não as encontraria na França. Talvez, porque a grama do vizinho é sempre a mais verde. Era mais um dia ameno de poucos clientes, porém fiéis. A caneta no canto da minha boca, com a ponta já estragada era sinal de um mau hábito que eu tinha quando estava estudando. Alex estava atendendo as mesas, e eu concentrada nas anotações de uma nova receita. Quando ele interrompeu-me dizendo que “um famoso entrou no restaurante”, eu imediatamente pulei da cadeira e corri para a cozinha. Vesti meu avental, me ajeitei e caminhei até a mesa para receber Nicholas Cassano.

Ele não deu importância à chef presente, mas não foi mal educado em momento nenhum. Estava acompanhado com outras pessoas, das quais eu só saberia mais tarde, serem companheiros de trabalho. Fez os pedidos e a partir dali, sua figura era visita constante em meu bistrô. Assim, nos envolvemos pouco a pouco.

Na época, ele estava noivo de Priyanka Chopra. Ele estava cansado de ser Nicholas Cassano, embora amasse seu trabalho. Ele estava no auge e na corda bamba. No auge da carreira. No auge da mídia. No auge da popularidade. Lembro-me de Priyanka entrar ao bistrô num dia, em que eu e ele apenas conversávamos enquanto ele aguardava o seu pedido, e a mulher fora extremamente simpática comigo. Então eu saí dali, deixando-os a sós e olhei discretamente para os dois antes de entrar à cozinha. Ele me encarava.

Eu sabia que algo estava estranho no meu coração, e sabia que algo estava estranho entre eles. Nicholas estava no auge de muitas mulheres também, e os rumores constantes vieram após o fim do noivado. Meu coração doía, porque aquele não era um cara comum. E eu era uma mulher comum que não saberia lidar com nada daquilo. Nicholas Cassano estava na corda bamba do amor, na corda bamba das certezas de sua vida, na corda bamba da mídia e tudo em sua vida era muito. Era intenso.

Então decidi que precisava ter o foco total no meu negócio. Afinal, eu estava ali para aventuras. Passei três semanas imersas no restaurante, dormindo entre o balcão de atendimento e as mesas, madrugadas a fio estruturando receitas e cardápios. Eu precisava de algumas estrelas a mais. Alex, meu braço direito ali, deu-me todo o apoio. No dia em que os críticos da gastronomia vieram avaliar o cardápio, a fim de emitirem uma nota nas colunas sociais – que poderiam enaltecer ou destruir meu bistrô –, Nicholas Cassano entrou pela porta do restaurante. Não me deixei abalar por sua presença.

Ele não surgia há algum tempo e eu não sabia o resultado da crítica logo que os críticos saíram do restaurante, me possibilitando respirar, mas estava satisfeita com meu trabalho. Nicholas e eu conversamos. Ele me desejou sorte, e eu o aconselhei quanto a algumas dificuldades que passava. Deveria ter parado ali.

Quando o resultado da crítica saiu foi o meu sonho. As minhas três estrelas vieram daquele dia. Eu estava no hall das colunas gastronômicas. E Nicholas deu um apoio depois daquilo recomendando o lugar em pequenas entrevistas. Foi o suficiente para especulações maldosas de nosso relacionamento – até então inexistente – surgirem e colocarem minhas estrelas quase na berlinda. Ele se afastou. Mas não foi suficiente.

Na França, a morte precoce de meu padrasto caiu, como uma bomba em minha cabeça. Eu tinha ao meu pai, ao qual eu amava muito e tinha uma excelente relação, mas o meu padrasto também esteve comigo nos momentos em que eu mais precisei, uma vez que nós morávamos com ele e minha mãe. Com seu falecimento, eu fechei o restaurante no meu auge. Eu estava no auge da gastronomia, no auge da carreira, no auge da realização. E de repente me vi na corda bamba da vida. Viajei para a França, e por lá permaneci dois meses. Alex insistiu para que eu não desistisse, insistiu para que eu retornasse. Encarreguei-o de reabrir o bistrô, eu ainda não queria voltar. Mas, uma hora eu voltei.

E quando voltei, Nicholas me esperava. Demonstrou ali que estava envolvido por mim, mas que sabia que não poderia ser suficiente para mim. Turnês marcadas, premiações, campanhas... Eu lhe disse para partir tranquilo, afinal, eu também estava me reestruturando. Deveria tê-lo dispensado, mas na verdade deixei a porta aberta. Eu já estava tolamente envolvida com a fantasia que era o Cassano na minha mente

. A família dele passou a frequentar o restaurante. Passaram a me conhecer. Passaram a fazer parte de uma rotina. E eu também.

O que não sabíamos era que o namoro conturbado por fofocas, sonhos divergentes, ciúmes, incompatibilidade de agendas, e uma fase terrível de estrelismo do Cassano, já deveriam ser prenúncio suficientes para pararmos. Mas, eu estava completa e perdidamente apaixonada por ele. E ele, se dizia apaixonado por mim, o que não fez possível que alguém com o mínimo de lucidez e sensatez, rompesse com o mal pela raiz.

Seis meses tinham se passado desde que ele saiu pela porta com sua mala, e não mais voltou. No trigésimo dia daquele semestre, as fotos estavam encaixotadas. Nenhum porta-retratos. Liz sorria como se estivesse acostumada àquela rotina nova. Eu não chorava, e também não sorria. Apenas reagia. Era necessário. Eu estava tentando recomeçar.

— Bom dia Denise. – cumprimentei minha ex-sogra que aguardava na porta da minha casa.

— Como está, Katharine?

Ela perguntou tomando Liz em seu colo.

— Bem, e você?

— Igualmente. Tem certeza que não deseja vir conosco?

— Eu agradeço, mas eventos familiares não mais me cabem.

— Por Liz você precisa ser mais flexível, querida.

— É o aniversário de Frankie, e não o de Liz. Mande meus cumprimentos ao caçula.

Denise assentiu em silêncio, e eu direcionei-me à minha filha. Beijei-a e a abracei. As duas seguiram para o carro de Denise, e eu para minha garagem.

A parte da manhã era tão movimentada quanto à noite. Tiffany se encontrava no anexo do salão fechado, o limpava e distribuía bem as mesas. Alex organizava as reservas na recepção. Os poucos clientes na parte do café estavam sorrindo alegres, enquanto eram atendidos. Eu adorava entrar no meu bistrô, naqueles momentos. A vida corrida lá fora também corria lá dentro, mas de um modo tão aconchegante que desacelerava o tempo, me fazia ter uma percepção de poucos ou nulos problemas.

Respirei fundo deixando a Katharine desanimada para fora do restaurante e entrei distribuindo cumprimentos animados e atenciosos aos clientes e funcionários. Deixei minha bolsa em meu pequeno escritório, e já fui colocando o avental em seguida caminhando rápida à cozinha. O burburinho dos meus chefs auxiliares e o tilintar das panelas me contagiavam.

— Bom dia chef!

— Bom dia cozinheiros! Como tudo está? – perguntei indo de panela em panela, de mãos em mãos.

— Tudo em ordem, as anchovas frescas chegaram mais cedo esta manhã e pedi para o fornecedor tentar manter o horário, pois nos adiantou muito o serviço, chef.

— Excelente Jackson! Depois eu reforçarei o pedido.

Minhas mãos erguiam as mangas de meu uniforme, quando Alex apareceu na porta da cozinha.

— Katharine antes de sujar as mãos magnificamente, eu preciso avisá-la que os franqueadores esperam-na.

— Oh céus, eles realmente vieram?

Reclamei e as risadas na cozinha e a face entediada de Alex, me fizeram resolver aquele assunto de uma vez por todas.

Uma empresa de cafés da manhã queria fornecer-me equipamentos e estruturas a fim de tornar o meu café uma franquia deles. Eu já havia dito que não havia interesse em terceirizar uma parcela dos meus serviços. Aquilo era inadmissível! Além de roubar a personalidade, iria contra a missão do meu negócio.

As pessoas enxergavam meu restaurante, com menos valor do que suas estrelas apontavam, e tudo devido aos escândalos com o nome Cassano no passado. Tudo por que eu não me dediquei suficientemente em transformar o bistrô em algo para a alta elite. Eu não queria que ele fosse contaminado por rótulos, ou excludente por ser frequentado por públicos famosos, ricos e apenas isso.

No De L’Katharine todos eram público. Um espaço para aqueles que quisessem desfrutar de boa culinária e bons momentos. Infelizmente, para as franquias em sua maioria, o bistrô tinha um potencial por ter meu nome vinculado ao Nicholas e as minhas três – mas potenciais – estrelas. E para mim, as franquias eram as sanguessugas no meu negócio.

Assim que os dispensei retornei à cozinha. Encarei todos que pararam curiosos para me observar, em busca de uma reposta sobre aquilo. Ergui minhas mãos à frente de todos que estavam atentos, e bati uma na outra como se as limpasse. As gargalhadas e expressões de obviedade e alívio se fizeram presentes. Balancei a cabeça de um lado ao outro, negativa, e sorri. Logo estava com meu avental sujo, e as mangas do uniforme limpas, como uma chef que se preze.

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