Monarca amor ou crime (máfia Yakuza)

Que coisa estranha!

Estar vivo sob as flores de cerejeira.

Kobayashi Issa

Tóquio Japão

Que ironia,a vida seria muito mas fácil se o destino não fosse tão irônico a ponto de pregar tantas peças complicando ainda mas a minha situação,pensou enquanto reencostado em meu carro acompanhava o trajeto lentos dos barcos pela baía de Tóquio,após a morte de seu Otou-san,seu irmão tomaria frente aos negócios da família,por serem meio irmãos de sangue e pela antiga antipátia de Akira por ele sabia que teria de se submeter as suas ordens,respirou fundo ao entrar em seu carro e partir rumo ao seu pequeno pedaço de céu em meio a tamanha correria que era seus dias,Yuriko havia marcado este encontro como que para contar-lhe algo,havia lhe dito sorrindo ao telefone,ancioso por um pouco de paz seguiu pelas ruas o mas depressa possível,ela era seu céu estrelado em meio as densas nuvens negras das quais precisava fugir de vez em quando,chegou por volta das nove da noite e frente ao simples apartamento de sua namorada,as luzes estavam acesas podia ver pela janela,saiu de seu carro e como de costume subiu ao encontro dela,bateu de leve na porta e aguardou,bateu uma segunda vez,nada aconteceu,pela terceira vez um arrepio passou por seu corpo e apreensivo entrou, a sensação de frio na espinha já lhe era conhecida,tudo parecia no seu devido lugar mas mesmo assim havia algo errado podia sentir,esta sensação nunca o traía,com a arma em punho seguiu sorrateiramente por cada cômodo,por último entrou no quarto escuro,ligou a luz e neste momento seu mundo ruíu,a cena horrenda a sua frente seria a mas cruel possível,Yuriko estava deitada,como se estivesse dormindo se não fosse pela enorme mancha de sangue que tingia seu vestido branco em carmesim,correu imediatamente até ela implorando mentalmente para que aquilo não passasse de um terrível pesadelo ou que pelo menos ainda restasse uma chance de salva-la,a pegou em seu colo,o golpe traiçoeiro de uma espada,seu corpo gelado era a terrível constatação que seria tarde de mas, desesperado apanhou a caixinha que ela segurava agora caída no chão,abrindo tirou o pequeno sapatinho amarelo,seu coração falhou uma batida,abriu o papel e leu,teste de gravidez positivo,alguém lhe tinha levado tudo,de olhos fechados sentiu em seu peito a terrível dor da perda,tudo que ele tinha agora havia sido reduzido a nada,sabia ter muitos inimigos,mas quem seria capaz de o atingir de maneira tão direta e pessoal,perguntou-se quando saiu dali, era apenas uma sombra do que um dia fora, não mas tinha coração, havia deixado de bater junto com a mulher que amava e o filho que havia perdido.

Balneário Camboriú Brasil

Cincos anos depois

Lá estava eu,com minha pasta de documentos em mãos me sentindo a beira de um precipício,como assim a beira de um precipício?na verdade não era bem em um precipício de verdade e sim uma agitada fila de empregos temporários para lavador (a) de pratos em um dos inúmeros restaurantes chics te balneário Camboriú,já havia construido seu pequeno cantinho no pequeno terreno herdado do pai logo após a separação com de mãe,com minha pouca economia que tinha,agora seria uma mulher independente,foi o que disse a mãe ao completar seus vinte cinco anos e decidir enfim sair de casa e viver no seu proprio barraco,já havia ficado tempo de mas ali, precisava caminhar com suas próprias pernas,mesmo que fosse engatinhando chegaria ao seu objetivo, fé e teimosia tinha de sobra,saiu de sua zona de pensamento quando a fila andou e a mulher cansada e mal humorada gritou para a fila.

- Próximo!

- Nome!- disse a mulher com uma rápida olhada em seu rosto.

- Valentina Álvares

- idade 25 anos.

- experiências vendedora, Repositora.- assim foi lendo suas experiências no currículo, respondeu perguntas básicas para uma entrevista e saiu dali com a promessa de que se fosse selecionada lhe enviariam uma mensagem via whatsapp para que iniciasse ainda aquela semana,faltavam apenas alguns dias para o fim de novembro e dezembro estaria no início da temporada,tudo lotado,para quem tinha grana era a época de gastar,saiu dali e aproveitando o sol que finalmente havia mostrado as caras sentiu na pele a leve brisa do mar carregada pelo vento que agitava seus negros cabelos um tanto longos,ou longos até de mas,não podia negar que era sua marca registrada dela e de sua mãe na juventude,caminhou com os fones nos ouvidos ate sua casa a vinte cinco minutos da orla da cidade,um tanto afastada era a ultima no fim da rua sem saída onde seu pai um dia tinha começado a construir uma bela casa que por motivos desconhecidos havia abandonado tudo ali e viajado pro exterior nem mesmo sua mãe sabia explicar a repentina decisao,eram rara as vezes que ele entrava em contato,lembrava com um dorzinha no peito o adeus em seus olhos castanhos cheios de lagrimas,eram o mesmo olhos dela, lembrava como se fosse hoje no dia da viagem a muito tempo atras,estava entrando na adolescencia, aconpanhou o sofrimento da mãe,a luta a cada dia por dar o seu melhor, para ser pai e mãe,ate alguns anos ele ainda era seu provedor financeiramente mas deixava um grande vazio na convivencia que era o que realmente precisava,com o tempo aprendeu a conviver com a falta deste pedaço que ainda era tão importante para ela e que fazia tanta falta quando abria seu album de infancia repleto de preciosas lembraças, não havia mas tido noticias desde que recebeu em casa o documento da propriedade em seu nome,deixando em um cantinho escuro esondeu como sempre suas dores mas intimas e dali avistou sua casinha quase toda pronta,aproveitou estrutura e a meia parede que o pai já havia levantado e começou a dar continuidade,ainda faltava bastante coisas,mas sair do aluguel pra ela ja era uma grande vitoria,abriu o portao e adentrou seu terreno gramado,seu feliz vira lata bingo veio com a sua costumeira agitação de sempre,pulou em suas pernas.em seu colo enquanto com um sorriso de felicidade fez um carinho na cabeça cor de caramelo,abriu a porta de seu lar doce lar,dando de cara com seu porta chave brega logo no hall de entrada, sentindo-se a mulher mas independente do mundo mesmo desempregada.