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Meu Salvador

Meu Salvador

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45 Capítulo
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Sinopse

Índice

Sara uma mulher da comunidade que sonha em ter uma vida melhor para ajudar os pais. Paul um homem bem sucedido e correto, CEO da Turner Entertainment. Vem ao Brasil para fechar mais um negócio e se depara com Sara em sua empresa, a atração é certa! Será que vai rolar? O que pode uni-los? Melhor, o que pode separá-los?

Capítulo 1 Sara

" Levanto de manhã ponho a cara na janela

Olho para rua os olhos cheios de remelas

Vejo vários camaradas andando por ali

Com algumas minas que eu já saí... ”

Diariamente acordo cedo, desço o morro com fone de ouvido escutando meu som, vou à faculdade para meu curso de Secretariado Executivo Trilíngue, onde me esforço para concluir, falta tão pouco, pois já estou no último período, bem perto de atingir meu grande objetivo, poder ajudar financeiramente meus pais. Não vejo a hora, poder comprar uma casa bem confortável, não que isso (morar na comunidade) nos deixe menos felizes, somos felizes com o que temos e com quem somos.

Apesar da correria do dia a dia e das dificuldades, eu não me importava e era muito feliz. Tinha meus pais que me amavam, minha amiga de infância Céia Mara que morava no mesmo morro que eu e minha amiga Simone, que nossa amizade começou na faculdade e às duas juntas eram implacáveis, me incentivavam ao máximo, deixavam meu ego lá em cima, as melhores amigas que eu poderia ter. Fora dona Letícia, patroa da minha mãe que era incrível comigo, uma segunda mãe sem dúvida, pagava minha faculdade, dizia valer a pena investir em mim, porque eu era esforçada e dava-lhe orgulho.

Estudava de manhã, após a aula fazia inglês com o professor Lucas na própria faculdade e trabalhava em uma lanchonete de fast food das 14h às 22h, para poder me bancar na faculdade, sem preocupar meus pais e ajudar em casa quando sobrava, não acho certo dona Letícia ter que fazer mais isso por mim. Chegava cansada diariamente e ainda ficava até tarde ajudando minha mãe com as encomendas de salgados, docinhos ou bolos que às vezes tinha e era muito grande.

Meu professor de inglês, era um homem muito bonito, paulista, moreno, pele queimada de sol, porque adorava surfar, olhos bem escuros, cabelo bem cortado, sedutor, via potencial em mim, por isso resolveu me dar aulas particulares de graça, para aprimorar meu inglês e sempre me incentivava a fazer um intercâmbio para melhorar ainda mais minha pronúncia e ter experiência de vida e profissionalmente evoluir. Ele já fez e me dizia ser uma experiência única, ímpar, se um dia eu ia conseguir ter coragem para isso, não sabia, não queria deixar meus pais, sou muito apegada, eles não têm mais ninguém, só a mim, me dedicam suas vidas, isso nos fez cada vez mais unidos.

Meu pai, João da Silva, 50 anos, negro, olhos castanhos escuros, alto, magro com porte atlético, ou seja, tudo no lugar, cabelos curtos, crespos e pretos, bonito, pedreiro em uma construtora no centro da cidade do Rio de Janeiro, levantava-se bem cedo, para chegar no horário na empresa para poder ir para obra onde fosse designado, era trabalhador e não gostava de dar motivos que o desabonasse.

Minha mãe, Maria dos Santos Silva, 45 anos, branca, olhos verdes, baixa, corpo escultural, cabelos compridos, lisos e pretos como a noite, diarista em condomínios de luxo, em Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca, cada dia estava em um lugar, saia às 16h e ainda ia para casa fazer suas encomendas de bolo, salgados e doces de festa. Fazia porque gostava dessa área e para aumentar nossa renda, vendia muito lá no morro mesmo, mas também vendia no asfalto, sempre indicação da d. Letícia, nossa fada madrinha. Gostaria muito que minha mãe deixasse o serviço de diarista e dedicasse a confeitaria, ela gosta tanto e é tudo maravilhoso, não é só porque é minha mãe.

Apesar da vida simples que levavam, sempre foram moradores do Morro do Peri, no Rio de Janeiro, muito antes de eu nascer teve uma batida da polícia atrás da bandidagem que acabou com toda minha família materna e paterna durante o tiroteio, meus pais se salvaram porque estavam trabalhando fora do morro na hora. Logo depois da chacina foi implantada a UPP (Unidade Pacificadora da Polícia), o morro ficou mais “tranquilo”. Meus pais ficaram sem ninguém, desolados, só tinha um ao outro. Resolveram se casar logo, já que perderam todos os entes queridos, não quiseram esperar nem mais um minuto. Minha mãe não conseguia engravidar, passou cerca de 5 anos tentando e nada, d. Letícia, uma das patroas de minha mãe chegou a pagar tratamento para ajudar. Depois que o médico deu por encerrado o tratamento, minha mãe fez uma promessa para Nossa Senhora de Aparecida que se conseguisse engravidar, daria seu nome para a criança. Cerca de 1 ano depois, engravidou sem fazer tratamento e quando nasci me deu o nome de Sara Aparecida. Cuidavam de mim com tanto zelo e cuidado com medo de me perder, porque na hora do parto deu uma complicação e minha mãe precisou tirar o útero e não poderia mais ter filhos. Cresci ouvindo que eu tinha que estudar para ser alguém e ter uma vida melhor, sem riscos.

Mesmo com todo o receio, certo medo de meus pais, pude aproveitar minha infância, enquanto eles trabalhavam, de manhã ia para escola e a tarde ia para o Aprendiz, é um instituto para crianças carentes, onde aprendíamos esportes, danças, línguas, eu fazia inglês, espanhol e ballet, Céia fazia junto comigo e tinha nosso amigo o Joaquim, que chamávamos de Joca, praticava Jiu-Jitsu. Com o tempo Joca foi se mostrando violento e agressivo, até que foi convidado a se retirar por machucar um aluno que parou no hospital em estado grave. Sentimos muito e não entendíamos por que ele ficou dessa forma, só era carinhoso comigo e com a Céia, fora sua tia, quem o criou. Sempre dizia que ia casar comigo quando fossemos adultos, mas nessa de ter saído do instituto acabou se encaminhando para o lado errado, foi para o caminho do tráfico, infelizmente, embora eu não gostasse dele para sermos um casal, disse que não me casaria com alguém dessa vida fácil e quando completou 15 anos sumiu do Peri, sem mais nem menos.

Apesar de eu morar, nunca me envolvi com tráfico, prostituição, com a “vida fácil”, minha vida era estudar, trabalhar e casa. Como toda boa carioca, gostava de um bom samba, carnaval e funk, mas não me divertia muito, somente quando dava e tinha algum dinheiro sobrando, geralmente aos sábados quando minha folga era no domingo.

Queria poder comprar uma casa para meus pais, fora do Peri, sei que tinham um pouco de trauma da chacina, mesmo que não tenham vivenciado, mas perderam todo os parentes, não restou um, misericórdia, muito sofrimento, tinham muito medo da violência, embora morar na “favela” não fosse tão ruim como os outros pensam, tem muita gente de bem na comunidade, trabalhadora, tem a escola para os jovens para aprender atividades diversas, cursos profissionalizantes, aonde iniciei meu curso de inglês e surgiu a vontade de fazer secretariado trilíngue, fora o baile que eu pouco frequentava, mais mesmo assim era uma delícia, adorava dançar e fazia muito pouco por falta dos dois tempos. Mas tinha a sombra de como perdi minha família que nem cheguei a conhecer, e tinha medo de perder os que eu conhecia. Mas, como se diz aqui no morro, “Segue o baile”.

Chegou o domingo de folga, Simone e Céia insistiam para que eu fosse ao baile, dizia ser para comemorar que logo estávamos formadas, estava cansada, queria dormir cedo, mas não teve jeito. Fui. Estava de jeans escuro, cropped de crochê branco, anabela preta de verniz, cabelo solto, maquiagem leve, porque não estava empolgada, cansada mesmo.

Quando entrei vi um negro, alto, forte, olhos castanhos e cabelos castanhos num black de responsa, lábios carnudos me olhando, sabia que conhecia de algum lugar, me era muito familiar…

— O novinha! Vai ignorar o parça aqui? — disse com aquela voz aveludada. Parei e fiquei olhando para ele, porque sabia que o conhecia, se fosse outro passaria direto. Reconheci num estalo.

— Joca???

— Pensei que tinha me esquecido. — Disse fazendo um carinha triste.

— Cara que saudades de você, sumiu!!!! Olhe Céia quem está aqui! — Pulamos em seus braços de felicidade, até choramos. Nem nos importamos com ausência de 6 anos na hora, mas depois caiu a ficha.

— Peraí, por onde andou? — Perguntei a ele.

— Por aí novinhas, deixa isso para lá. Importante que estou de volta para a felicidade da geral e morrendo de saudades de minhas parças favoritas! — Disse tentando mudar de assunto, mas bem percebi.

— Convencido nada né. Venha curtir com a gente. E vai nos contar direitinho depois esse sumiço. — Nos abraçamos mais, abraço coletivo.

— Deixa eu te apresentar, essa é minha amiga Simone! Si esse é meu amigo Joaquim, mas pode chamar de Joca.

— Prazer todo meu, Joca! — Disse toda assanhadinha, percebi que já gostou do Joca.

Entramos no baile, pagou bebida para gente e começamos a dançar.

— Simone, Joca sempre foi apaixonado pela Sara, ao que tudo indica, continua, então… — Céia cochichou no ouvido de Simone.

— Sério??? Esse pedaço de mau caminho. — Simone faz beicinho.

— O que foi que estão cochichando? — Pergunto.

— Nada! — responde Céia rapidamente. Fiquei sem entender. Continuamos dançando, curtindo, até que Joca segura meu braço e fala.

— O novinha! Está namorando ou ficou esperando por mim? — Disse diretamente.

— Se achando mesmo hein. Me lembro muito bem de não ter feito promessa nenhuma e que eu te disse que não me casaria com alguém dessa vida! Nem tinha como prometer também, já que você sumiu do nada! — Levantei as mãos e dei um tapa no ombro dele para descontrair e fugir do assunto. — Vamos dançar?

— Não agora! Quero você, Sara! — Me agarra pela cintura, me apertando em seu peito. Deixando Simone e Céia de boca aberta.

— Pare Joca de brincadeira! — Digo tentando me soltar.

— Não estou brincando, pensei em você este tempo todo, em todas as horas, todos os minutos e todos o segundos. Sempre gostei de você e sabe disso! — Diz sério me prendendo com aqueles braços fortes, aqueles olhos fixos nos meus, que fiquei sem ação.

— Sempre pensei que fosse de brincadeira, desde a infância até nossa adolescência, quando sumiu… — De repente me beija, sem eu esperar ou permitir, tento me soltar em vão e me entrego aos poucos, então deixo rolar por alguns minutos até que caio em si e peço para ele parar.

— Não faço isso novamente! — Me solto, me dirijo às meninas e digo: — Aproveitem o baile estou indo embora.

— Não, vamos com você! — Disse às duas já me seguindo.

— Prefiro que fiquem e aproveitem. — Digo, levanto uma mão e vou embora. Vejo que às duas se entreolham.

Quando estou fora do baile tomando direção da minha casa, pensando em tudo o que acabou de acontecer, a volta do Joca, a declaração, o beijo, ah.... o beijo que foi de me derreter, nunca alguém conseguiu chegar assim tão perto, por mais cantadas e pedidos de beijos que eu tenha recebido, fiquei um pouco atordoada. Logo sinto um braço me puxando e me prendendo na parede.

— Ai!!! — Vejo Joca em cima de mim, respiração ofegante. — Me deixe ir embora, me solta!!!— Digo brava e gritando.

— Não assim! Quero me desculpar, não resisti, esperei por isso a vida toda, ter você em meus braços, poder te sentir, te beijar. Sara sou louco por você, sempre fui.

— Você nunca me disse nada! Sempre levei na brincadeira! Você some por seis anos, SEIS ANOS!!! Volta como se tivesse saído ontem, me agarrando. — Digo ríspida.

— Sabe muito bem, que nunca eu ia subir o morro na toca do Das Trevas, mais Céia e eu fizemos isso, para saber se tinham notícias, preocupadas com você. Só nos dizia que não sabia, mas sabíamos ser mentira, não queriam nos falar. Por dias choramos e sua tia? Você a abandonou, só tinha você, ela morreu e você não estava aqui, nós aqui do morro, fizemos vaquinha para ela ter um enterro digno, claro que seu parceiro, ajudou bastante nisso, mas ela morreu chamando por você! — Esbravejei.

— Sei de tudo isso, Das Trevas me mantinha informado de tudo por aqui. — Observo a dor e desespero em sua voz.

— Eu sabia que mentiam para gente. — Digo irônica. — Mais nem para sua tia?

— Não podia, era melhor assim, deixa a tia de fora, nem me pergunta o porquê, por favor. Você não sabe a dor que senti e não poder estar por aqui, por ela.... — Chora e vejo muita dor em seus olhos.

— Você não quer falar deste tempo, ok. Direito seu e não me venha cobrar direito nenhum sobre mim, pois não sou e nunca fui propriedade sua.

— Vejo que continua a mesma marrenta de sempre, gosto assim! — Pega em minha mão, a beija e continua segurando. — Eu te amo Sara! Sei da sua vida, sei de tudo sobre você! Que trabalha em uma lanchonete, estuda, acompanhei tudo a distância, me perdoa? Quero desesperadamente ter você, para sempre comigo.

— Não estou com cabeça para homens! Estou me dedicando aos meus estudos como você bem sabe então, quase me formando, para melhorar de vida e ajudar meus pais. Isso é meu propósito de vida, você tem algum?

— No momento só ter você!

— Ah... Para, pelo amor de Deus! — Digo quase surtando. — Desde quando isso é um propósito??? Acorda Joca!!!

— Quanto aos seus pais, posso ajudar você!

— Nem pensar!!! Sempre disse e isso nunca mudará, quando eu tiver alguém não será dessa vida, não quero viver preocupada se chega vivo ou morto, seus meus filhos terão pai hoje e amanhã não. Gosto de você, mas como amigo e sempre será assim! Perdoe-me se dei alguma esperança, quanto a isso, aliás dei algum dia, alguma vez?

— Não me deu nenhuma porra de esperança. — Disse baixinho, quase que para si mesmo.

— Pode me largar? Me dar espaço? — Olho para suas mãos me segurando e volto a olhar firme em seus olhos.

— Claro. Mais uma vez desculpa te invadir assim. — Disse tristonho. Dou um abraço nele, apesar da raiva que sinto, o ódio mesmo, de querer bater nele, mas ainda assim respiro fundo, além da casca de durão, lá, no fundo, vejo meu amigo Joca de sempre. O solto com uma certa dificuldade, porque me prende como se eu fosse fugir.

— Amigos??? — Digo, estendendo a mão a ele.

— Sempre! — Disse com pouco entusiasmo.

— Vou embora agora.

— Te levo até sua porta, pode?

— Sim. Vamos. — Fomos em silêncio até minha casa. Ficamos parados quietos, olhando um ao outro, sem dizer nada.

— Posso te dar mais um abraço? Eu preciso… — Sussurra quase para si, mas escuto.

— Pode. — Me abraça muito forte, como se fosse me esmagar. Deixo, apesar de me sentir desconfortável e querendo me soltar.

Joca

Fico abraçado a Sara sentindo seu cheiro, o calor do seu corpo, morrendo de vontade de tomá-la como minha, mas preciso me controlar se eu quiser conquistá-la. Mais não resisto, vou soltando do abraço com dificuldade, mais sem soltar até que nossas bocas estão bem próximas, roço o dedo pelos lábios dela e como não me afasta, então dou um beijo suave, como não teve repulsa, beijo com intensidade, com vontade, como se fosse o último.

— Para… — Ela diz ofegante — Não faz isso comigo de novo, senão nós não nos vemos mais. Assim não dá…

Aquilo doeu, não posso ficar longe dela, não agora que voltei. Peço desculpa e me viro para ir embora. A vejo parada na porta me olhando, digo tchau em voz alta e bem baixinho para mim — Ainda vai ser minha!

Sara

Entro para casa e vou dormir, melhor a fazer. Rolo a noite toda na cama, não gosto do Joca como homem, só amizade mesmo, mas ele mexeu comigo.

Acordo com Simone e Céia em cima de mim, tenho certeza de que deve ter feito nem uma hora que peguei no sono, loucas para saberem de tudo, reviro os olhos com a insistência delas.

— Acorda!!!! O que houve com você ontem? — Diz Simone — Ignorando aquele pedaço de mau caminho… ah se ele me quisesse!

— Me deixem dormir, por favor. Pode ficar com ele se quiser, não ligo. – Falo manhosa.

— Após nos contar tudo! — Disse Céia.

— Enquanto não falar, não vão me deixar em paz né! — Bufo. Me sento encostada na cama, enquanto olho para elas que ficam me olhando apreensivas.

— Sei que Céia deve ter te informado de tudo sobre o Joca, certo? — Simone assentiu com a cabeça.

— Então, nunca levei a sério que ele gostava de mim, acreditei ser coisa de criança, de amigo protetor talvez, sempre fomos inseparáveis, Joca, Céia e eu. Até que ele começou a ficar violento, agressivo, foi se afastando da gente, foi convidado a se “retirar” do Aprendiz, de repente ele sumiu. Ficamos desesperadas atrás dele, fomos até falar com o traficante, coisa que sempre repelimos, mais pela preocupação fomos. Dona Zélia, a tia dele, ficou muito doente, morrendo chamando por ele… Foi um sufoco e fomos superando aos poucos com o tempo. Agora ele aparece, querendo me tomar como se fosse dele, me agarra e beija? — Digo me sentindo insultada.

— Mais qual é o mal? Uma coisa boa nisso! — Disse Simone com aquele olhar pervertido.

— Sua vaca! Sei muito bem aonde quer chegar! — Digo brava.

— Deixou de ser BV1!!! — Disse Céia.

— Bando de palhaças. — Pego meu travesseiro e abraço.

— Sara! Que mal tem de dar uns beijinhos, uns amassos? É saudável! Ainda mais com um cara que está a fim e muito gostoso. A não ser que você seja lésbica? — Disse Simone bem séria.

— Não sou lésbica!!! Nada contra com quem é, mas gosto de homem. — Digo meio sem graça.

— Como tem certeza se nunca beijou antes, a não ser que com o beijo do Joca, acendeu uma faísca!!! — Disse Céia sendo engraçadinha, rindo demais, mas tentando aliviar a tensão. — Mais agora o que queremos saber, o que aconteceu depois que você saiu? Ele saiu louco atrás de você. Geral do Baile parou para ver.

— Ele veio atrás, se declarou, me pegou pelo braço e me segurou na parede com aquele hálito quente muito próximo a mim… — só de lembrar fico arrepiada — Dizendo que foi sempre verdade, que sempre me quis. Joguei umas coisas na cara dele, como quando ele foi embora, quando a tia morreu chamando por ele. Vi que toquei na ferida, vi dor e angústia em seus olhos, mas não me arrependi. Ele não pode chegar agora me tratando como se fosse sua namorada, como se tivesse ido embora ontem. Nunca tivemos nada para ele agir assim, possessivo. Falei ser meu amigo e nada mais que isso. Disse que ia embora e perguntou se podia me levar até minha casa. Deixei. Chegando lá, me pediu um abraço, dizendo precisar. Novamente deixei. Me abraçou apertado, quase me deixou sem ar, quando fomos nos separando, nossos rostos ficaram muito perto, passou os dedos pelos meus lábios, deu um beijo suave, casto e na sequência um intenso, eu não tive nenhuma reação e deixei acontecer. Quando dei por mim, pedi para ele parar porque senão não nos veríamos mais, pediu desculpa e se foi.

— Caraca! Joca é mesmo gamado em você, Sara! O que você fez com esse homem lindo que ele se tornou! Pelo menos isso você percebeu né? — Disse Céia. — Mas me fala o que achou do beijo?

— Foi ótimo, mexeu comigo de certa forma, não que eu queira ficar com o Joca, mas beija maravilhosamente bem, apesar de eu não ter nenhum parâmetro sobre isso… — dou uma risada sem graça. Elas caem na risada.

— Deixei claro que não vou me envolver com uma pessoa dessa vida, não quero viver preocupada se tenho ou não alguém, se meus filhos têm pai hoje e amanhã não.

— Está certa! Está correndo atrás do seu há tempos, para se perder agora. — Ficamos conversando sobre outros assuntos, assim meu sono passou, Joca saiu da minha mente por hora.

Encontrei Joca pelo morro quando voltava do trabalho, sempre rondando perto de casa, mas não tentou mais nada e assim foi passando aquela ansiedade, voltou tudo ao normal.

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