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Entre olhares e acasos

Entre olhares e acasos

5.0
17 Capítulo
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Celina nunca imaginou que um simples acidente de trânsito na Zona Sul de São Paulo fosse virar sua vida de cabeça para baixo - e não pelo susto, mas pelos olhos castanhos e intensos de Marcelo, o CEO reservado que parecia ter saído direto de um romance que ela mesma nunca teria coragem de escrever. Os dois se encontram por acaso, se desencontram pelo destino e se reencontram pela força de algo que nenhum dos dois sabe nomear. Entre mensagens inesperadas, encontros improvisados e a timidez elegante de Marcelo, Celina vai descobrindo um homem ao mesmo tempo forte e vulnerável, que parece enxergar nela algo que ninguém antes viu. Mas nem tudo é tão simples quanto o coração desejaria. Uma cidade enorme, uma agenda corrida, pessoas novas surgindo - e entre elas, Léo, o amigo atencioso que insiste em mexer com a insegurança silenciosa de Marcelo. E, à espreita, Helena: sempre presente, sempre impecável, sempre fingindo ser luz enquanto espalha sombra. Entre viagens, despedidas, dúvidas, mensagens no meio da noite e um sentimento que insiste em crescer, Celina precisa descobrir se esse acaso foi só um tropeço do destino... ou o começo de um amor que veio para ficar.

Índice

Capítulo 1 O Acidente

A Zona sul de São Paulo sempre teve esse clima peculiar no início da noite: prédios altos, ruas movimentadas, buzinas ao longe e aquele céu que nunca fica totalmente escuro por causa das luzes da cidade. Eu estava estacionada na Rua Alexandre Dumas, dentro do carro - meu companheiro fiel nas correrias do dia a dia do meu pequeno negócio de beleza.

Eu tinha acabado de encerrar uma entrega para uma cliente e mexia no porta-luvas, procurando um batom extraviado, quando ouvi a porta de uma garagem se abrir bem ao meu lado. Olhei pelo retrovisor e vi um homem que parecia ter saído de um filme de romance, de tão lindo que ele era. Ele estava em um carro preto luxuoso, daqueles que a gente só vê em comerciais. Apesar de sério ele parecia bem paciente esperando que alguém desse passagem para que ele pudesse entrar na via.

Sério, ele parecia ter saído de uma reunião importante. Ou de um filme.

Na hora não dei tanta atenção - até porque eu estava ocupada brigando com o tal batom.

O problema é que, no mesmo instante, uma moto acelerou forte e surgiu da esquina sem dar seta.

Tudo aconteceu tão rápido que meu corpo só reagiu: abri a porta do carro no impulso para sair e acabei fazendo a moto bater nela. O barulho ecoou alto pela rua estreita, misturando choque metálico e xingamento do motociclista.

- Meu Deus! - exclamei, pulando para fora.

- Cuidado aí! - o motoqueiro gritou, desviando por pouco e seguindo irritado.

Foi quando ele resolveu descer do carro, vestia uma camisa social azul clara e uma calça de alfaiataria impecável, mesmo já passando das oito da noite.

O dono do carro de luxo. O homem de camisa azul.

E o meu coração... bom, ele deu um salto. Do nada, sem permissão.

- Você se machucou? - ele perguntou, aproximando-se com uma preocupação tão genuína que me desarmou.

- Não, não... foi só um susto mesmo - respondi, rindo de nervoso. Acho que abri a porta na hora errada.

A luz amarelada do poste iluminou o rosto dele. Era sério, firme, com um olhar inteligente e um ar reservado. A mandíbula marcada e o cabelo um pouco bagunçado davam aquele charme natural que parece sem esforço.

- A culpa não foi totalmente sua - ele disse, analisando a rua. - Essa esquina é péssima, os motociclistas sempre passam voando.

- É São Paulo, né? - respondi, encostando na porta amassada do meu carro e suspirando. - Zona Sul sendo Zona Sul.

Ele deu um sorriso pequeno, quase discreto, mas que parecia raro, como se não fosse um homem que sorria muito.

- Marcelo - ele disse, estendendo a mão.

- Celina, respondi.

Quando toquei a mão dele, senti aquele impacto estranho... como se o toque tivesse durado meio segundo a mais do que deveria. Ele percebeu, eu percebi, o universo percebeu.

E ali, naquele instante...

A porta do prédio ao lado se abriu e uma mulher muito elegante de nome Helena, saiu apressada, usando salto fino, blazer bege e um perfume doce demais.

- Marcelo! Eu te liguei três vezes, por que você não me atendeu? - ela falou, vindo em direção a nós.

Ele fechou um pouco o rosto.

Eu senti imediatamente o ar ficar mais pesado.

- Eu estava ocupado - ele respondeu, simples, apontando para mim e para o carro. - Aconteceu um pequeno acidente aqui.

A mulher olhou para mim de cima a baixo como se estivesse avaliando uma concorrente que ela não aprovava.

- Acontece - ela disse, seca. - Mas a gente precisa ir, a reunião foi remarcada para amanhã cedo. O conselho quer falar com você antes das nove.

Conselho.

Reunião.

Nove da manhã.

Aí eu entendi: ele realmente devia ser alguém muito importante.

Marcelo, você é o CEO da H&V Technologies, você não pode perder tempo com coisas tão pequenas.

Eu corei.

Claro, ela está certa, não vou tomar seu tempo, disse olhando para figura bonita bem na minha frente. Ele parecia importante até respirando.

Olhei para ele, que sorriu novamente, aquele sorriso raro.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti minha perna tremer.

Adrenalina atrasada.

Tontura.

A rua girou um pouco.

Marcelo deu um passo à frente.

- Você tá bem?

- Acho que o susto bateu agora - respondi, piscando os olhos.

Helena revirou os olhos.

- Marcelo, vamos? Ela disse que tá bem.

Ele ignorou.

- Eu levo você até um hospital aqui perto. Só pra ter certeza - disse ele, firme, decidido.

E foi assim que começou.

Com uma motocicleta .

Um carro luxuoso.

Uma rua da Zona Sul.

Um acidente besta.

E o primeiro olhar de alguém que nunca imaginaria encontrar.

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