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Coração amaldiçoado

Coração amaldiçoado

5.0
11 Capítulo
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Alaric é o alfa mais temido de Valtheria. Séculos atrás, ele desafiou a deusa errada e foi condenado a viver sem coração, literalmente. Agora, preso a uma maldição que o impede de amar e de ter herdeiros, ele tem um último prazo: encontrar sua companheira destinada... ou enlouquecer para sempre. Eulália só queria comemorar seus dezoito anos no pacato vilarejo de Sunlake. Em vez disso, vê a festa ser invadida por lobos gigantes, um Lycan monstruoso surgir da floresta e, diante de todos, ser reclamada como companheira do alfa cruel que domina as terras ao redor. Levada à força para a fortaleza dos Lobos Sangrentos, ela descobre um mundo de deuses antigos, lobas ciumentas, segredos de sangue, e um homem quebrado, capaz de presentes impossíveis, mas também de destruir qualquer um que a ame. Entre tentativas de fuga, beijos que não deveriam acontecer e a guerra silenciosa entre destino e escolha, Eulália se vê presa em um jogo divino: ou ela encontra o coração perdido de Alaric... ou será obrigada a decidir quem merece viver com ele. Um romance de lobisomens, maldição e redenção para quem ama alfas perigosos, humanas teimosas e amores que literalmente custam um coração.

Índice

Capítulo 1 Prólogo

A noite já havia caído com toda a sua escuridão quando Alaric surgiu das sombras, uma figura imponente e cruel. Jovem, de cabelos negros como o breu e olhos tão profundos quanto a noite sem estrelas, ele caminhava nu sobre a terra fria, seu corpo forte reluzindo sob a luz prateada da lua. Cada passo seu era marcado por uma fúria silenciosa, enquanto se aproximava do último reduto das bruxas que ousaram desafiar sua sede de poder.

O lugar que outrora fora uma vila delicada e bonita agora era um cenário de terror e sangue. Em meio à penumbra, os corpos das bruxas jaziam espalhados, formando uma macabra e silenciosa oferenda à violência que ali se consumara. Alaric não tinha remorso nem piedade; não sentia pena ou compaixão, a única coisa que seu peito conseguia processar era o prazer de matar.

"Agora a última!" rugiu Alaric, sua voz rouca e implacável rasgando o silêncio da noite.

Alaric caminhou em direção à bruxa mais jovem, a ultima que havia restado do grupo de mulheres que viviam naquela região. Seus olhos, estreitos e assustados, mal conseguiam fixar o olhar no alfa, enquanto suas mãos trêmulas tentavam, em vão, afastar o destino que se aproximava.

Sem hesitar, Alaric agarrou-a com força e, num único movimento violento, rasgou seu pescoço com as garras afiadas, fazendo jorrar um sangue escarlate que manchou sua pele e se espalhou pela terra já marcada pela carnificina.

O grito da garota foi como musica para os ouvidos dele, enquanto seu corpo caía pesadamente sobre a pilha de corpos sem vida de suas irmãs. Os olhos do alfa, banhados por um prazer que fazia o sangue em suas veias pulsar, deslizaram pelo cenário de destruição. Ele se permitia um instante de satisfação, inalando profundamente o cheiro metálico do sangue, que se misturava ao odor terroso do campo encharcado.

"É isso o que ganham por tentarem se opor a mim!", murmurou, enquanto se preparava para sair.

Seu trabalho estava feito e o exemplo foi dado, agora nenhuma mortal ousaria desafiá-lo, estejam elas sob a proteção de seus deuses ou não. Ele sempre seria maior e mais perigoso que qualquer divindade.

Mas o destino, sempre caprichoso e implacável, tinha outros planos para ele. No exato instante em que Alaric se preparava para se afastar, algo aconteceu. Sobre um dos corpos que jaziam inertes, uma aura sombria começou a se formar, os olhos da bruxa, antes opacos e sem vida, se abriram subitamente, revelando um brilho negro e sombrio. O sangue, que há instantes se encontrava parado, voltou a fluir com força, como se a própria morte tivesse se recusado a aceitar seu silêncio.

Alaric parou, seu coração acelerando em surpresa, era a primeira vez que via algo assim. Cada músculo do seu corpo se contraiu enquanto ele observava, paralisado, aquela cena. Aos poucos, a figura reanimada ergueu a cabeça, seus traços agora carregados por uma fúria ancestral e um poder que transcendia a compreensão humana. E então, em um tom profundo e ressonante, a voz saiu dos lábios da bruxa:

"Eu sou Sidonia!"

A voz, grave e poderosa, ecoou pela noite, fazendo o próprio ar tremer. A bruxa, agora tomada pelo poder de uma entidade divina, erguia-se como a personificação da Umbra, a deusa esquecida e temida por todas as bruxas que outrora a veneraram. Seus olhos negros, sem qualquer vestígio de humanidade, fixaram-se em Alaric, como se quisessem penetrar em cada recanto de sua alma.

"A deusa da Umbra, senhora dos mistérios e das sombras", continuou ela, a voz aumentando em intensidade a cada palavra. "Você, alfa, ousou tocar naquilo que me pertence!"

Alaric, que antes se sentia a criatura mais forte daquela terra, agora encontrava-se imobilizado por uma força invisível. Seus pés se ergueram do chão e seu corpo flutuou até a bruxa que movia-se como uma marionete controlada pela deusa a quem foi devota em vida.

"Seu coração, frio e desprovido de compaixão, é um fardo que não posso mais permitir que você carregue..."

Os olhos de Sidonia brilhavam com um poder sombrio enquanto ela falava, e o silêncio ao redor parecia engolir cada palavra. Alaric tentou mover-se, lutar contra aquela força, mas seus membros não respondiam. O medo e o desespero se misturavam em seu interior, nunca havia sentido algo assim em toda sua vida.

"Pare, por favor!", ele tentou se debater, a voz embargada pela agonia que se espalhava pelo seu corpo.

Com um gesto frio e impiedoso, Sidonia estendeu a mão em direção ao peito de Alaric. Seus dedos deslizaram pela pele do jovem alfa com uma precisão cruel, atravessando-a como papel. Sem qualquer hesitação, ela enfiou a mão e, num movimento que misturava a graça do destino com a brutalidade do castigo, puxou de dentro o pulsante coração de Alaric.

O coração pulsava freneticamente preso entre os dedos ensaguentados da deusa, que olhava para o orção com desprezo. Alaric sentiu uma dor indescritível invadir cada centímetro do seu ser, como se cada fibra de sua existência estivesse sendo arrancada com força. O sangue, antes vibrante e vivo, agora escorria livremente, marcando o solo com a prova de sua queda.

"Você não precisa dele", a voz de Sidonia cortou o ar, fria e definitiva. "Sua natureza já está selada pela ausência de compaixão. Apenas uma, e apenas uma, poderá resgatar o que você perdeu: sua companheira. Ela deverá te amar, mesmo quando seu coração estiver ausente, e somente assim, quando esse amor se tornar verdadeiro, ela encontrará a forma de devolver-lhe o que você perdeu."

As palavras da deusa ressoavam com a autoridade de um destino imutável. Alaric, ainda em choque, tentou se erguer, mas sua força parecia ter sido drenada por aquele ato impiedoso. Lágrimas de dor misturavam-se ao sangue que escorria de seu peito, enquanto ele murmurava, num sussurro carregado de desespero:

"Não... meu coração... como posso viver sem ele?"

Sidonia, com um olhar impassível, continuou sua maldição:

"Se não encontrar essa companheira nos próximos 500 anos, você jamais conhecerá o amor que é destinado a você. Nenhuma loba poderá, então, gerar seus filhotes e sua linhagem se perderá, como folhas levadas pelo vento. Você será condenado a vagar eternamente, um ser solitário e desprovido de toda a glória que seu sangue e sua crueldade poderiam ter garantido!"

A intensidade das palavras da deusa caiu sobre Alaric como um golpe mortal. Cada frase parecia gravar uma cicatriz em sua alma, transformando sua existência em um fardo insuportável. Ele tentou implorar mais uma vez, a voz carregada de uma mistura de dor e arrependimento:

"Por favor, Sidonia, dê-me uma chance... Faço qualquer coisa! Por favor, qualquer coisa!"

Mas, assim como Alaric não mostrou misericórdia, Sidonia permaneceu decidida. Seu semblante permaneceu inalterado, enquanto ela observava o jovem alfa, que agora se debatia entre a dor e o terror.

"Este é o destino que você escolheu, são as consequências das suas escolhas! Assim como você não ofereceu misericórdia aqueles que lhe imploraram, eu não a darei a você!".

Com essas palavras, a aura da deusa começou a se dissipar. O corpo possuído tremeu brevemente antes de desmoronar em cinzas e sombras, deixando no ar um rastro de fumaça. A maldição fora lançada, e o silêncio, pesado e absoluto, retomou seu domínio sobre a noite.

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