Ela se movia com uma lentidão devastadora, cada gesto carregado de provocação. O olhar intenso queimava o ar entre nós, e eu já lutava para não avançar sobre ela, hipnotizado pela maneira como se despia só para mim.
A lingerie era quase um insulto, revelando muito e escondendo só o suficiente para me enlouquecer. Quando girou de costas, ondulando os quadris com malícia, lançou os longos cabelos para trás e acariciou a própria pele, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim.
Não suportei mais a espera. Avancei, puxando-a contra mim. Minha mão alcançou seu rosto delicado, os dedos roçando a máscara que escondia parte daquela beleza proibida. Mas sua mão firme segurou a minha, impedindo-me. Antes que eu pudesse protestar, seus lábios carnudos se abriram e tocaram minha pele de um jeito provocador, cruelmente sedutor.
O choque me incendiou. Segurei seus cabelos e a beijei com a fome que eu já não conseguia conter. O mundo desapareceu enquanto nossas bocas se devoravam, como se estivéssemos à beira do abismo.
Era como se não houvesse mais nada além dela, da forma como se encaixava em mim, da sensação de que cada segundo nos levava para mais perto de algo inevitável. Seu corpo respondia ao meu, e eu a reverenciei como jamais havia feito com outra mulher, como um homem que se curva diante de uma deusa.
O prazer era uma tortura deliciosa, e cada gemido dela era a promessa de perdição. O desejo crescia, incontrolável, até que não havia mais limites, até que não éramos mais dois, mas apenas um fogo único, consumindo tudo ao redor.
Quando finalmente ergui o olhar, encontrei o mistério daquela máscara veneziana. Toquei-a outra vez, e, dessa vez, ela permitiu que eu a tirasse. Não estava preparado para tamanha beleza.
Estava prestes a ouvir sua voz quando tudo se desfez.
Acordei.
O laptop escorregado ao lado, ainda aberto na página do site, congelado na foto dela.
Mais uma vez, um maldito sonho. Mais uma vez, aquela mulher me assombrava.
Basta. Eu não esperaria mais. Precisava recuperar o controle da minha vida, nem que fosse provando ao menos uma vez o gosto daquela obsessão antes que desaparecesse para sempre.