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A escolhida do don

A escolhida do don

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117 Capítulo
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A Escolhida do Don Ele voltou para assumir o trono. Mas antes, precisa tomar uma esposa. E ela... é tudo que ele não esperava. Giovanni Ferreti nasceu para comandar a Cosa Nostra di Velenza. O sangue da máfia corre em suas veias, mas uma tragédia o afastou do trono antes da hora. Agora, com a morte do pai, ele retorna à cidade disposto a reivindicar seu lugar - mesmo que isso signifique se prender a um casamento arranjado por sua mãe, Irina Ferreti, uma mulher tão fria quanto calculista. O que Giovanni não sabe é que a jovem escolhida para ser sua esposa não foi apenas selecionada... foi moldada. Preparada durante anos para servi-lo, encantá-lo - e talvez até destruí-lo. Irina tem planos, e a esposa do Don é peça central nesse jogo perigoso. Antonella Bellini é a caçula de uma das famílias mais influentes da máfia. Rebelde, impulsiva e dona de uma beleza indomável, ela sempre viveu à sombra dos arranjos de poder. Mas tudo muda quando o noivo da sua irmã - Giovanni - cruza seu caminho. O desejo é imediato, proibido e explosivo. E quando o destino muda as regras do jogo, ela se vê presa a um homem perigoso, encantador... e completamente fora de alcance. Neste universo de alianças mortais, promessas de sangue e jogos de sedução, o amor pode ser a arma mais letal. E A Escolhida do Don talvez não tenha escolha nenhuma.

Índice

Capítulo 1 Prólogo

Prólogo – Velenza

A noite caía sobre Velenza como uma maldição antiga, daquelas que parecem se infiltrar nas paredes e nos ossos. O céu, negro e sem estrelas, cobria a cidade como um manto de luto. Nem mesmo a lua ousava iluminar o que estava prestes a acontecer. O vento, frio e silencioso, passava rente às grades de ferro da mansão Bellini, trazendo consigo o presságio de que nada naquela noite terminaria puro.

Dentro da casa, o ar tinha cheiro de flores mortas. Um aroma doce, mas enjoativo, que se misturava ao perfume antigo das cortinas pesadas e ao verniz envelhecido do salão principal. Sobre a mesa de jacarandá, um pacto frio e cruel aguardava apenas tinta, papel... e o sacrifício de Scarllet Bellini. Dezessete anos. Oferenda. Prometida. Vendida. Silenciosamente entregue como moeda de troca na aliança entre duas famílias.

No andar de cima, Antonella, com apenas quatorze anos, se encolhia junto à escrivaninha, escrevendo no diário com pressa. O tinteiro tremia ao toque de sua mão, não pelo frio, mas pela raiva. Ela não é uma noiva. É uma prisioneira de luxo, rabiscou com letras fortes, quase rasgando o papel.

Para Antonella, a irmã mais velha era como um cordeiro conduzido ao abate: linda, obediente e submissa demais para lutar. Scarllet aceitava o destino como se fosse inevitável, como se não tivesse escolha.

Antonella, não.

No fundo, ela sonhava com um amor selvagem, escolhas arrancadas à força se fosse preciso, nem que custasse gritos e lágrimas. Com mãos que a segurassem por desejo, não por obrigação.

A maçaneta girou sem aviso. Elena Bellini entrou no quarto como uma deusa de inverno, o vestido de seda azul-marinho caindo com perfeição sobre seu corpo esguio. O perfume de jasmim se espalhou no ar, frio e elegante, assim como seus olhos. Sua voz saiu doce, mas carregada de medo.

– Figlia mia, desça. Não nos faça esperar num momento tão... importante.

Antonella fechou o diário com força, guardando-o no fundo da gaveta. Respirou fundo, tentando conter a fúria, e seguiu a mãe pelos corredores iluminados apenas por candelabros.

O salão estava repleto de uma tensão quase palpável. Irina Ferreti reinava sentada no centro do sofá, as pernas cruzadas com a graça de quem sabia ser observada. O vestido verde, justo e brilhante, abraçava suas curvas como pele de serpente. Seus olhos, duas lâminas frias, varriam cada detalhe do ambiente.

Ao redor dela, homens discutiam o destino de Scarllet como quem negocia a venda de uma propriedade. Dom Giussepe Ferreti, com o rosto marcado pelo tempo, falava pouco, mas cada palavra soava como sentença final. Pablo Bellini, o pai das meninas, mantinha as mãos inquietas sobre os joelhos, o olhar perdido. Não tinha voz naquilo, apenas presença.

No divã, Scarllet parecia uma boneca frágil. Vestido rosa, ombros tensos, olhar vago como se tentasse se ausentar dali em pensamento. Seus dedos retorciam o tecido do colo, denunciando a ansiedade.

O nome Giovani Ferreti ecoava entre as conversas como um fantasma distante, uma sombra que pairava sobre todos, mesmo sem estar ali.

Antonella desceu os degraus lentamente. Não se disfarçou. Era muito jovem, mas já entendia o suficiente para saber que aquele não era um jantar, mas um ritual de entrega. Vestia um macacão azul, os pés descalços tocando o mármore frio, os cabelos soltos caindo sobre os ombros. Não se arrumara. Não se curvaria.

– Buona sera a tutti. – Sua voz, apesar da juventude, carregava firmeza. Ela não baixou os olhos.

Irina a fitou com um desdém calculado. Dom Giussepe sorriu, mas não era um sorriso de afeto.

– Vieni qui, piccola... a tuo zio.

Antonella caminhou até ele. O beijo na bochecha foi breve, mas suficiente para lhe provocar um arrepio gelado. O olhar do don percorreu seu rosto e desceu, fixando-se sem pudor nos pequenos seios que denunciavam o frio através do tecido. Irina percebeu, e a tensão nos lábios dela se transformou em um quase sorriso. Antonella recuou um passo, o estômago revirando.

– Vou ajudar mia madre – disse, e saiu antes que mais olhos pousassem sobre ela. No fundo, sabia que o tempo de ser apenas espectadora estava prestes a acabar.

Longe dali, em Florença, Giovani Ferreti acendia um cigarro na sacada de um hotel. A fumaça subia lenta no ar gelado, mas ele não pensava em nada além de negócios. Não sabia do acordo. Não lembrava da menina que, um dia, o amara em silêncio. Não imaginava que seu nome já estava gravado no destino de uma mulher...

E que, quando descobrisse, talvez fosse ele a escolhê-la.

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Mais Novo: Capítulo 117 Fim   08-21 10:19
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