A música alta da festa da empresa zumbia em meus ouvidos, enquanto eu observava meu marido, Lucas, o CEO carismático que todos admiravam. Naquela noite, eu usava o colar de esmeraldas que meu pai, o joalheiro mais renomado do país, havia criado antes de falecer, um tesouro que guardava sua alma. Então, Lucas anunciou um prêmio especial para uma estagiária, Camila, a mesma que o seguia como uma sombra e cujos olhos brilhavam de forma não profissional perto dele. Meu estômago gelou quando ele tirou uma caixa de veludo, e de dentro dela, meu colar; o colar do meu pai, que estava no meu cofre. Com uma naturalidade assustadora, Lucas colocou meu colar no pescoço de Camila, ali, na frente de todos, na minha frente. Minha voz saiu num sussurro rouco: "Lucas, o que você fez? Esse é o colar do meu pai." Ele me olhou com uma indiferença que doeu mais que um tapa: "É só um colar velho, Sofia, quanto pode valer?" A humilhação me atingiu como uma onda quando Camila, com um sorriso triunfante, arrancou o colar e o jogou no chão de mármore. O som das esmeraldas se estilhaçando ecoou no silêncio, e pequenos fragmentos verdes se espalharam, brilhando tragicamente sob as luzes. Eu caí de joelhos, tentando juntar os cacos, sentindo meu pai ali, sua memória sendo profanada. Lucas passou o braço pelos ombros de Camila, dizendo: "Coisas de gente morta dão azar." Naquela noite, Lucas não voltou para casa, nem atendeu minhas ligações, seu silêncio uma confissão de que ele me havia descartado. Meu corpo todo enrijeceu quando a melosa voz de Camila atendeu o telefone dele: "O Lucas está ocupado agora. Ele está no banho. Quer deixar recado?" Eu queria que ela pagasse pelo colar que destruiu, mas Lucas virou a culpa para mim, dizendo que ela ficou nervosa porque eu a humilhei. Ele me acusou de ser dramática e fria, disse que "superou" a morte do pai dele, e me chamou de louca quando a farsa de choro de Camila começou. Eu sentia uma raiva fria e cortante, uma força que eu não sabia que tinha, enquanto ele prometia um anel de safira mais caro à Camila. Mas Lucas não parou por aí: ele me sequestrou, me drogou e me forçou a doar sangue para Camila, que ele falsamente alegava ter uma condição rara. Minha dor e humilhação se transformaram em uma determinação fria. A pior traição não era apenas o caso, ou a violência, mas ele ter roubado meu projeto mais pessoal para dar a ela. Naquele momento, algo terrivelmente calmo se instalou, a calma antes da tempestade. Eu não seria mais a vítima.